Grandes discos que não podem faltar em uma coleção!
Para iniciar o ano, resolvemos fazer uma seleção de grandes discos que não podem faltar em grandes coleções. Se você também está procurando por novas referências nesse ano, essa lista pode servir como dica, referência ou inspiração. Tá sobrando ou faltando disco aí? Comenta com a gente!
“Blue Train,” John Coltrane
Blue Train é um álbum de jazz do saxofonista John Coltrane que foi lançado em 1957. Ele é considerado por muitos críticos como sendo o primeiro álbum solo de Coltrane “legítimo”, como é também o primeiro dele a ser gravado com todas as músicas de sua escolha. Todas as músicas foram escritas por Coltrane, com exceção de uma “I’m Old Fashioned” (de Jerome Kern e Johnny Mercer). Durante uma entrevista em 1960, Coltrane o descreveu como seu álbum favorito até então. Blue Train segue até hoje sendo um álbum muito popular.
Chega de Saudade (1959) – João Gilberto
De Juazeiro, no norte da Bahia, nosso herói mascou o rádio dos anos 30 e 40 (e não apenas o samba, mas também jazz, músicas tradicionais, conjuntos vocais, samba-canção, música sertaneja, choro, música de fossa e o batuque), traduzindo-o para o resto do mundo como uma sonoridade igualmente sólida, coesa e autoral – que mais tarde chamaríamos apenas de “bossa nova”. Sua grande sacada: reduzir todo o instrumental apenas para seu violão. Esse é um caso à parte. Enigmático, cheio de acordes dissonantes e inusitados, seu violão reinventava a tradição rítmica brasileira ao atrelá-la à harmonia moderna para sempre. Por cima, a voz. Que voz. Nem rompantes de divas de jazz, lamentos dramáticos do samba-canção ou cantos bon vivant dos clones de Sinatra. João canta com a intensidade de quem conversa, calmo e sereno, deixando o som vibrar o mínimo possível. Contou com Jobim na coordenação desse seu primeiro disco quando posicionou estrategicamente as coordenadas de seu novo mapa: seis partes de novos compositores, duas de Ary Barroso e uma de Dorival Caymmi, além de um tema quase religioso e duas quase instrumentais.
“Random Access Memories,” Daft Punk
“Random Access Memories” é o quarto álbum de estúdio da dupla. O lançamento ocorreu em maios de 2013, pelas gravadoras Sony Music Entertainment e Columbia Records. O trabalho no álbum começou a ser desenvolvido no mesmo tempo em que a dupla criava a Trilha Sonora de Tron Legacy, em 2010, sem um único plano de como seria estruturado. Pouco depois que Daft Punk assinou contrato com a gravadora Columbia Records, começou um gradual lançamento promocionais do novo álbum, incluindo outdoors, comerciais de televisão e até séries de internet, como a The Collaborators. O disco possui uma forte influencia setentista, principalmente no estilo funk/soul, com diversas passagens que lembram o disco Songs in the Key of Life de Stevie Wonder e Off The Wall de Michael Jackson. É perceptível também a forte influencia do musico Giorgio Moroder, principalmente na canção Giorgio que utiliza a faixa The Chase da trilha sonora de Midnight Express (1978) como base para a canção em tributo ao musico italiano. Ainda, possui uma forte inclinação para o pop, principalmente na canção com participação de Pharrel Williams. É o álbum com conteúdo mais diverso da dupla, não primando apenas pela musica eletrônica. A recepção crítica até agora foi geralmente positiva. O álbum teve seu prêmio no Grammy como o melhor do ano de 2013.
“The Miseducation of Lauryn Hill”, Lauryn Hill
The Miseducation of Lauryn Hill é o álbum solo de estréia da norte-americana Lauryn Hill e único álbum de estúdio da mesma, lançado em 25 de agosto de 1998. É marcado pela incorporação de elementos musicais do Hip Hop, Soul, Música Gospel e reggae, o que posteriormente ajudou a definir o estilo chamado de neo soul. Este álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Após seu lançamento, The Miseducation of Lauryn Hill foi ao mesmo tempo sucesso de crítica e comercial. O álbum estreou em primeiro lugar na Billboard 200 nos EUA, vendeu cerca de 400.000 cópias em sua primeira semana, quebrando um recorde de vendas na primeira semana por uma artista feminina na época de seu lançamento. The Miseducation gerou uma série de singles, incluindo o sucesso “Doo Wop (That Thing)”, “Everything is Everything”, “To Zion”, e “Ex-Factor”. Em 1999, o álbum ganhou dez nomeações para o 41º Grammy Awards, ganhando cinco, fazendo de Hill a primeira mulher a receber esse montante em uma única noite. Desde seu lançamento, The Miseducation of Lauryn Hill já vendeu mais de 8 milhões de cópias nos Estados Unidos.
“Blood on the Tracks,” Bob Dylan
Blood on the Tracks é o décimo quinto álbum de estúdio do cantor Bob Dylan, lançado a 17 de Janeiro de 1975. Este álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Este disco marca o regresso à gravadora Columbia Records, depois de editar dois álbuns com a Asylum Records. Alguns anos depois, as críticas disseram que se tratava de um dos melhores discos do cantor. Em 2003, o disco foi incluído na lista da revista Rolling Sotone no nº 16 dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos. Este é um dos melhores álbuns do cantor em termos de vendas, tendo sido certificado nos Estados Unidos com Dupla Platina. O disco atingiu o nº 1 do Pop Albums.
Clube da Esquina (1972) – Milton Nascimento e Lô Borges
Em 1972, Milton, com a carreira em ascensão – já tinha participado de festivais no eixo Rio–São Paulo e gravado três álbuns –, convidou ninguém menos que Lô Borges para juntos dividirem o álbum duplo que seria intitulado Clube da Esquina. O conteúdo sonoro tinha bossa nova, canções com sonoridade beatle, toadas, rock progressivo, choro e jazz, numa miscelânea original e inventiva. O lançamento tornou-se um marco da produção musical brasileira, com criações fora dos moldes tradicionais da prática dominante. Ao mesmo tempo, assumia todo tipo de influência, com harmonias arrojadas, mas diferentes do padrão corrente da MPB. Além de inovar na sonoridade, as letras abordavam temas não muito usuais e faziam uma aproximação com a realidade sul-americana, como a imaginária cidade em “San Vicente”. A propósito, a canção “Nada Será como Antes” era premonitória: depois disso, a MPB não seria mais a mesma.
“Nighthawks at the Diner”, Tom Waits
Do título à capa, esse disco ao vivo de Tom Waits é inspirado em uma das pinturas mais conhecidas do artista americano Edward Hopper. A expressão nighthawks que dá título à obra se refere a notívagos, boêmios, ou qualquer outro termo parecido que se assemelhe à figura de Tom Waits desde o começo de sua carreira até hoje. Nos anos 1970, Hopper já havia falecido, e o clima de trinta anos atrás não era o mesmo nas lanchonetes e cafés, mas foi reconstruído por Tom numa espécie de show em estúdio que constitui esse disco. Assim, os ouvintes têm a impressão de participar de uma apresentação intimista, principalmente pelas faixas ‘intro‘, em que o cantor conversa com o público, muitas vezes trazendo histórias bem humoradas que se relacionam à narrativa das canções (como a introdução para “Better off Without a Wife“). Mais do que contar peripécias, a voz rouca de Tom acrescenta ao ouvinte uma proximidade com as músicas e com o próprio show, e pular as introduções do cantor dissolve o encadeamento que elas provocam: como a banda continua tocando durante as falas, é desnecessário separá-las das canções propriamente ditas. No caso de Better off Without a Wife, a letra ganha outra leitura com o causo contado anteriormente por Tom, sobre as maneiras de “sair consigo mesmo”, o que é endossado pelas desvantagens do casamento que a música coloca. Nighthawks at the Diner é, ao fim e ao cabo, um disco mais voltado para o blues e para o ambiente de casas noturnas, que aparece também em seu trabalho de 1974, The Heart of Saturday Night.
Cartola (1976) – Cartola
A necessidade de proteger a cabeça do cimento que despencava lá de cima, durante o árduo trabalho de operário na construção civil, o forçou a usar um chapéu coco, encontrado no lixo. O apelido, que mais tarde também se tornaria o seu nome artístico, surgiu dali.
Entre sambas antigos e então inéditos, neste álbum, Cartola passeia entre a alegria melancólica e a pura dor, em poemas musicais que parecem ter sido lapidados da maneira mais rústica, autêntica e sofrida possível. Não há otimismo desvairado para alguém que só gravou seu primeiro disco aos 65, dois anos antes. Fosse para selecionar apenas os clássicos, basta dizer que estão ali “As Rosas Não Falam”, “O Mundo É um Moinho” e Preciso Me Encontrar”, de Candeia, em versão definitiva.
“The Band,” The Band
The Band é o segundo álbum de estúdio do grupo homônimo. Lançado em 1969, é considerado um dos trabalhos mais significativos da carreira do conjunto, trazendo algumas de suas canções de maior sucesso, como “The Night They Drove Old Dixie Down” e “Up on Cripple Creek”. De sua aparência deliberadamente rústica na capa às canções e arranjos singelos, The Band apresentou um forte contraste à música popular da época. O álbum trouxe canções que evocavam os Estados Unidos rural dos velhos tempos, da Guerra de Secessão (“The Night They Drove Old Dixie Down”) à sindicalização dos empregados de fazendas (“King Harvest (Has Surely Come)”). Triunfo de público e de crítica, a gravação exerceu forte impacto em músicos contemporâneos como Eric Clapton e George Harrison, que citaram o The Band como uma influência definitiva em sua direção musical no final da década de 1960 e começo de 1970. Juntamente com os trabalhos do The Byrds e do The Flyin Burrito Brothers, este álbum estabeleceu um padrão musical (ocasionalmente definido como Country Rock) que mais tarde seria elevado a um nível expressivo de sucesso comercial por artistas como o Eagles. Devido à cor marrom da capa, é chamado de The Brown Album, inspirado no White Album dos Beatles.
“Pastel Blues”, Nina Simone
Um dos maiores nomes do jazz e do movimento de direitos civis, Eunice Kathleen Waymon nasceu na Carolina do Norte, mas foi criada pela música, que a transformou em Nina Simone. Recusada por uma prestigiada escola de música pelo fato de ser negra, a cantora expandiu sua educação musical tocando em pequenos clubes na Filadélfia, e lá acabou sendo descoberta pelas gravadoras. Tendo como principal influência Bach, e uma presença de palco que ela aprendeu quando tinha apenas seis anos de idade (tocando nas missas de sua igreja), Nina Simone gravou mais de 40 álbuns entre 58 e 74. Poucos desses são só bons. O resto é memorável. Pastel Blues é arrepiante, puxa seus nervos como se estivesse puxando fios de cabelo. E dependendo do que você está fazendo e como está se sentindo, você pode ficar eufórico ou melancólico. Destaque para ‘Sinnerman’, última faixa do álbum. Não só nesse álbum, mas como em qualquer álbum. ‘Sinnerman’ de Nina Simone não é só uma das melhores performances de blues já feitas, é uma das melhores performances de qualquer gênero.
“Thriller”, Michael Jackson
Esse é um clássico dos anos 80. Thriller vendeu mais de 65 milhões de unidades. E não para por aí! Se formos contar com as reedições e todas as cópias piratas, é quase possível dizer que esse disco está presente em todas as coleções. É o sexto álbum de estúdio em carreira solo do artista, lançado em 30 de novembro de 1982. Assim como o álbum anterior do cantor, Off The Wall (1979), que foi aclamado e bem sucedido comercialmente, Thriller foi inteiramente produzido por Quincy Jones e co-produzido por Jackson. As gravações do projeto ocorreram entre 14 de abril a 8 de novembro de 1982 nos estúdios Westlake Recording. O orçamento total da produção do disco foi de 750 mil dólares, financiados por Jones. O álbum foi aclamado por fãs e pela mídia especializada, e é considerado por muitos “o maior e melhor álbum da história”. Consequentemente, venceu um recorde de oito Grammy Awards em 1984, incluindo o de Álbum of the Year.
Transa (1972) – Caetano Veloso
Gravado em Londres em 1971 e lançado por aqui em 1972, Transa foi o segundo e último disco de Caetano Veloso produzido durante os quase três anos em que esteve exilado na capital inglesa – e o primeiro a ser lançado no Brasil após o seu retorno para casa. Se existe algo de bom a ser extraído de um exílio involuntário, o encontro de um tropicalista com uma cultura estrangeira, in loco, é um bom exemplo. Intercalando letras em inglês (cinco no total) com versos do poeta Gregorio de Mattos (“Triste Bahia”) e um samba de Monsueto de Arnaldo Passos (“Mora na Filosofia”), Transa é autobiográfico até o osso. Fala sobre a sensação de estar sozinho e longe de casa (“You Don’t Know Me”), e de como incorporar o choque cultural com o mínimo de sofrimento, como a citação ao reggae na Portobello Road, em “Nine Out of Ten”, que Caetano já afirmou ser a primeira gravação brasileira a citar os compassos do ritmo caribenho.