Curiosidades

Discos Copacabana, Uma Gravadora Brasileira.

O selo e logotipo da Discos Copacabana é um daqueles que me fascinam desde a minha infância, pois aquela borboleta girando no toca-discos era fantástica de ficar observando. Foi um dos primeiros selos que ficaram em minha mente, pois era a casa de muitos dos artistas que meus pais possuíam os discos em minha casa.

Como disco de vinil sempre foi objeto caro, eu raramente tinha dinheiro para comprar, por isso guardo em minha cabeça de colecionador a sequência dos discos que comprei nas lojas, o terceiro disco que comprei era do selo Copacabana, e um disco de rock’n’roll brasileiro, o Raul Seixas Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum.

Benito di Paula recebendo disco de ouro de Adiel Macedo de Carvalho

Fiquei curioso sobre a história desta gravadora e fui em busca de sua história para tentar entender um pouco esta vasta diversidade de artistas populares que o catálogo possuía.

Genuinamente brasileira a Discos Copacabana foi fundada pela família Vitale em 1948, no Rio de Janeiro. Na década de 1950 a gravadora transferiu-se para São Bernardo do Campo em São Paulo.

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Na década de 1970 foi vendida para os sócios Adiel Macedo de Carvalho, Gunter Csasznik e Rosvaldo Cury, que administraram a gravadora até o início dos anos 1980. Adiel Macedo de Carvalho acabou assumindo o comando da gravadora até o início dos anos 90 com a razão social que você encontra nos Lps como Som Indústria e Comércio S.A.

Carteirinha funcional de cantora Erika.

Nos tempos áureos da gravadora, entre os anos de 70 e 80 a Discos Copacabana chegou a ter mais de 1000 funcionários e operava com os selos Discos Copacabana, Discos Caravele, Discos Beverly, Tapecar Gravações, Som Records e Beverly Som.

O diferencial da gravadora foi o investimento no lançamento de artistas nacionais, enquanto as outras gravadoras preferiam lançar artistas internacionais pelo baixo custo, pois as gravações já se encontravam prontas e era só prensar com o licenciamento do álbum.

Segundo Adiel Macedo de Carvalho, o “atrevimento” era marca registrada da Copacabana. “Investíamos, mas nem sabíamos se o disco iria fazer sucesso. A Copacabana foi pura ousadia empresarial, em uma época diferente onde tudo era caro. Hoje as gravadoras contratam artistas que já são conhecidos, mesmo que regionalmente, naquela época contratávamos sem ninguém conhecer.

Pátio fabril da antiga fábrica Discos Copacabana.
Um dos selos da Copacabana Discos.

Gravou grandes nomes da música brasileira como Abel Ferreira, Abilio Manoel, Agnaldo Rayol, Alan e Aladim, Alceu Valença, Alípio Martins, Angela Maria, As Marcianas, As Melindrosas, Belchior, Beto Barbosa, Carmen Costa, Cesar, Brunetti, Chitãozinho e Xororó, Claudette Soares, Clemilda, Élcio Neves Borges (Barrerito), Eliete Negreiros, Elizeth Cardoso, Elton Medeiros, Francis Dalva, Genival Lacerda, Genival Santos, Geraldo Azevedo, Geraldo Mouzinho e Cachimbinho, Gilberto Barros, Gilberto e Gilmar, Gino e Geno, Golden Boys, Gretchen, Grupo Pau-Brasil, Jackson do Pandeiro, Jair Rodrigues, Jean e Paulo Garfunkel, João Mineiro e Marciano, Jorge Camargo, Lafayette, Leci Brandão, Lindomar Castilho, Liu e Léu, Luiz Gonzaga, Mangabinha, Maria Alcina, Mariza, Maysa, Monjardim, Morris Albert, Nahim, Nelson Ned, Os Atuais, Os Originais do Samba, Ovelha, Paulo Sérgio, Perla, Pery Ribeiro, Pinduca, Raul Seixas, Sandro Becker, Sivuca, Suely Pingo de Ouro, Teodoro e Sampaio, The Jordans, Tim Maia, Tonico & Tinoco, Trio Nordestino, Teixeirinha, Trio Parada Dura, Vania Bastos, Vanusa, Vicente Barreto, Waldick Soriano, Wanderley Cardoso, Wando, Wilson Simonal e Zezé Di Camargo e Luciano.

Estúdio da Copacabana em São Bernardo – artistas gravam LP em homenagem à Paulo Sérgio. Da esquerda para a direita: Ricardo Braga, Xororó, Wanderley Cardoso, Chitãozinho, Antonio Marcos, Perla abraçando o Rodrigo (filho do Paulo Sérgio), Angelo Máximo, Martinha, Jair Rodrigues, Jerry Adriani, João Mineiro e Marciano e o Marcos Roberto.

Em uma matéria do ABCD Maior, moradores do bairro do Taboão lembram saudosistas do tempo em que encontravam pelos bares dos bairros grandes artistas como Raul Seixas, Chitãozinho e Xororó e Jair Rodrigues.

Na década de 90 a Copacabana fechou as suas portas, pois perdeu a guerra para as grandes gravadoras multinacionais, que acabaram levando os seus maiores e mais rentáveis artistas além do aumento da pirataria de fitas cassetes e dos CDs.

Reportagem com os empresários da Discos Copacabana.

 

Reportagem sobre a Discos Copacabana no Diário Popular na década de 80.

 

Neste vídeo, Emanuel o Cowboy mostra a atual situação do prédio onde funcionava as instalações da Discos Copacabana.

5 comentários sobre “Discos Copacabana, Uma Gravadora Brasileira.

  • Fico feliz pela matéria, parabéns.
    Meu nome é Emanuel e sou o rapaz do vídeo, agradeço pela postagem, e mantenho uma página no Face chamada “Discos Copacabana” e Instagram” @gravadoracopacabana”.
    Moro em São Bernardo do Campo – SP, onde ficava a gravadora, parabéns.

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    • Bom dia!!! meu nome é João Carlos Jacynto, hoje moro em Ribeirão Preto SP. Trabalhei dos 16 aos 18 anos na fábrica Copacabana, só que na minha mudança perdi minha carteira de menor. Será que ainda consigo tentar conseguir estes dados? existe ainda algum escritorio dos antigos donos da Copacabana?
      Desde já agradeço. meu celular: watssap : 16.9.8110-10-60 / vivo 16-9.9709-62-58.
      Desde já meu muito obrigado.

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  • Padrão da gravação de musica sertaneja dos anos 80 e 90 foi moldada pela Copacabana… TODOS passaram por lá! Escola pra muitos! E te digo mais… Faz MUITA falta!!!

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  • A disco’ music foi bem explorada pela Copacabana, principalmente em versões e sucessos próprios em português. Sarah é um grande exemplo dessa safra, contratada da Copacabana desde 1976 estourou em 78 com a disco’ “Amor Bandido”, maravilhosa!

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  • Lamentável não ter citação a dupla Silvana e Rinaldo Calheiros e tb carreiras solos ( venderam muito)

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