Curiosidades

Anos 60: o mercado de Long-plays e a qualidade da música.

Já contamos aqui no blog, no texto Anos 50, Long-play e Rock n’Roll: Uma nova forma de ouvir música um pouco sobre a trajetória do Vinil, o surgimento dos LPs, o nascimento do Rock, e como tudo isso ajudou a transformar o modo de ouvir música, se tornando, de certa forma, até mais simples as audições em casa.

Agora, estamos na década seguinte, os Anos 60! Nesse período o Rock já ganhava força e se espalhava pelo mundo, e como ele, o mercado de long-plays também.

Anos 60: O mundo e a música nunca mais foram os mesmos!

Nessa década, embora os singles ainda dominassem o mercado, por volta do final dos anos 60 o rock começou a migrar para o mercado de long-plays, com vistosas imagens psicodélicas combinando com embalagens igualmente extravagantes. Musicalmente, obras ambiciosas como o LP dos Beatles Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band anunciavam a era dos álbuns conceituais de produção meticulosa.

LPs Realmente Longos

Em tese, a qualidade sonora cai quando os sulcos de um disco ficam muito próximos. Portanto, faz sentido pensar em uma duração ideal para um long-play –  o que explica a convenção de que um LP de doze polegadas deve durar entre trinta e quarenta minutos, com um máximo de 20  minutos por lado.

Considerando a média das canções populares, com duração fixada desde os tempos dos 78 rpm em torno dos três minutos, isso significa no máximo oito músicas por lado. Vale para todos os álbuns dos Beatles, com apenas duas exceções (o lado B do disco 1 do Álbum Braco e o lado B de Abbey Road)

Na década de 1950, o selo Vox, de baixo orçamento, espremeu os 63 minutos de uma execução da Nona Sinfonia de Beethoven em um disco. Excetuando alguns selos similares de baixo orçamento na área da música pop, o padrão do vinil manteve-se estável desde então, com poucas e notáveis exceções.

Uma delas é Initiation (1975), de Todd Rundgren, que ficou com quase 68 minutos –  um lado inteiro só para a suíte instrumental “A Treatise on a Cosmic Fire”, que dura 35 minutos. Só nos dias do auge do rock progressivo é que os selos toleravam tais caprichos. Na capa havia uma nota técnica advertindo: “Devido à qualidade da música deste disco, dois pontos devem ser destacados. Primeiro, se a sua agulha está gasta ou danificada, vai estragar o disco imediatamente. Segundo, se o som não parecer alto o suficiente no seu equipamento, experimente regravar tudo em fira”.

O Pink Floyd chegou a 51 minutos  no seu Atom Heart Mother (1970), e o hard rock do UFO bateu na barreira de uma hora com UFO 2: Flying (1971). O LP Duke (1980), do Genesis, alcançou 55 minutos, dois a mais do que a prensagem britânica de Aftermath (1966), dos Rolling Stones.

Coletâneas de grande sucessos, especialmente em selos de poucos recursos, tendiam a comprimir ainda mais a música à custa da qualidade sonora. O selo britânico Pye tinha uma série Golden Hour em cujos LPs estravam mais de vinte faixas, que perfaziam no mínimo sessenta minutos. Entre os artistas submetidos a esse tratamento estavam The Kinks, Donovan, Joan Baez e Nina Simone.

Um caso famoso é o de Barry Manilow. Quando ele assinou com a RCA, em 1985, seu selo anterior, a Arista, compactou os sucessos num só LP de 75 minutos, The Manilow Collection: 20 Classic Hits. O pessoal do setor dizia que essa havia sido a vingança da Arista por seu principal astro ter deixado o selo.

O mais estranho dos primeiros LPs do Pink Floyd foi, no entanto, seu primeiro número 1. A faixa-título ocupa um lado inteiro – o torturante processo de gravação é explicado no livro do arranjado Ron Geesis, The Flaming Cow – e só perde em atrocidade para a última, “Alan’s Psychedelic Breakfast”, que termina em algumas edições em vinil com um infindável looping de água pingando.

 

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