Re-ouvindo Krig-ha Bandolo! Uma nova experiência
Este é um disco que já ouvi muito em minha vida, na verdade ele faz parte de minha vida! Raul Seixas foi o meu artista preferido na adolescência e eu fazia de tudo pra conseguir as suas músicas. Pouco a pouco fui comprando os seus discos e montando a minha coleçãozinha, que hoje já tem todos os lançados em carreira, menos a raridade maior “Let Me Sing, Let me Sing” que, apesar do meu impulso de colecionador, me falta coragem e dinheiro, ou talvez oportunidade de descolar um em um preço razoável.
Voltando ao Krig-ha. Este álbum foi o sétimo disco de minha coleção, e do começo ao fim é uma verdadeira obra-prima! É daqueles discos que todas as músicas se encaixam na sequência e permitem uma audição maravilhosa.
Já ouvi este disco de muitas formas, a primeira foi na casa de um vizinho chamado Pedrinho: sentado em frente a sua casa, ele botou esse som pra rolar e ficamos curtindo ali da calçada.
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A primeira versão que tive deste álbum foi no cassete, pois era bem mais barato que o disco, mas não demorou muito e consegui comprar o meu. Aquela experiência maravilhosa de ir até a loja, namorar a capa, ver várias outras pérolas e escolher uma, o que era muitas vezes uma cruel decisão, pois a grana só dava pra um disco. Nos grupos de colecionadores, em geral, a galera vive reclamando do preço como se o alto valor fosse novidade, e eu também reclamo, mas infelizmente disco nunca foi barato.
As primeiras vezes que ouvi o meu próprio Lp Krig-Ha Bandolo foi no inesquecível “3 em 1” Philips da minha família. Um desses pretinhos com o mecanismo que lembra os toca discos Crosley atuais. Equipamento bem ruinzinho de som, mas que me proporcionou uma experiência musical muito ampla e feliz em minha adolescência. Acho que até gastei o meu Bandolo neste toca discos de tanto ouví-lo.
Me lembro também de um dia de Páscoa que não pude ir para casa de minha família, pois estava estudando e trabalhando em outra cidade, e no sabadão à noite me bateu aquela agonia de estar sozinho na república. Fui até o bar comprei dois litros de vinho, daqueles de garrafa de plástico, e me lembro de tomar uma garrafa ouvindo outros discos e, no ápice, já um pouco mais feliz, coloquei o clássico Krig-há pra rolar. Deitei no carpete da sala com a capa do disco na mão e acordei outro dia com o resto do meu melhor vinho derramado na capa da pérola. Ele tem um cheirinho especial deste dia até hoje, e uma manchinha de recordação também.
Depois de formado, trabalhando e com um pouquinho mais de grana, aos poucos fui montando o meu aparelho de som dos sonhos, e a partir de então, além de curtir a música, pude também aproveitar a sonoridade e aqueles timbres maravilhosos que só o vinil proporciona.
Um dia em uma feira de discos, eis que cai em minha mão uma outra versão do Krig-Ha, a primeiríssima prensagem de 1973, que tem aquela vinheta de “baiano de quenhenhém”. Isso lá em Curitiba, 400 km de minha casa. Imagina a ansiedade de querer chegar logo em casa para poder curtir novamente este disco, mas com novidades… foi fantástico novamente, até mesmo porque o meu repress de 1987 já estava literalmente gasto de tanto ouvir e se aventurar por aí pelo mundo.
Nos dias de hoje é um daqueles álbuns que ouço bem pouco, pois acho que já ouvi muito em minha vida. Quando vi o anúncio que a Polysom iria reprensar, nem dei muita bola, pois não é um disco raro e também já tinha dois na minha coleção. Não empolgou muito. Mas, como tenho contato com a Bilesky Discos, todos os Lps que são lançados eu acabo colocando em minha coleção, e não iria deixar de colocar logo um Raulzito.
Quando ele chegou, de impulso, corri e abri e de cara me decepcionei porque não tinha a faixa do “quenhenhém” que muito colecionador procura, mas logo me impressionei com a reprodução do encarte original que nunca tinha visto em toda a minha vida. Guardei o disco e esperei bater a vontade de ouvir, pra ser aquele momento especial. E finalmente chegou! Sim chegou!
Pude ouvir novamente um disco do Raulzito novinho da prensa. Abrir o lacre, cheirar, observar cada detalhe e inaugurá-lo na vitrola. E foi outra vez uma nova experiência, pois em cada reprensagem os discos guardam as suas peculiaridades, e nesta tinha em especial o encarte!
Começar com aquela introdução do Raul aos 9 anos e começar a ler cada informação do encarte acompanhando as músicas foi uma nova experiência. Sim, totalmente novo. Ler e imaginar quem eram os músicos, os corais e toda a produção por trás da obra. Simplesmente fantástico!
O som é diferente do original, perdeu um pouco dos agudos e lembra um pouco o som de minha fita cassete, mas aquele tradicional chiado ao fim das palavras no canto do Raul acabou sumindo, enfim, uma nova roupagem para obra.
Sinceramente, não consigo definir qual a melhor experiência, pois a audição do disco novo me fez lembrar de várias outras, que também foram fantásticas, mas desta vez foi no aparelho de som dos meus sonhos, com a cápsula que gosto e curtindo o encarte. Foi mais uma vez um sonho e um momento de felicidade de um raulseixista.
Por: Luciano R. Bilesky
Como sempre, as capas e encartes da Polysom são legais. Nada excepcional, mas um trabalho bem feito. Porém, a qualidade da presagem sempre me decepciona e deixei de comprar suas prensagens. Não valem a pena, são cheias de ruídos (estalos, chiados), discos vêm empenados (na maioria). Ou seja, prensagem de muito má qualidade. Ter disco apenas por aparência, para mim, na grande maioria, não vale a pena. Prefiro escutar ao CD, que geralmente terá o mesmo som, só que sem os defeitos que estes vinis novos da Polysom têm, de fábrica. Eles precisam inspecionar e melhorar a qualidade dos produtos, ou prederam mercado rapidamente.
Uns discos da Polysom tem um som incrível,e outros, péssimos. Esse Raul ainda não ouvi, mas se a qualidade estiver tipo os Tim Maia e Mutantes, vale muito a pena.
Nem sempre o som é tão ruim como dizem, mas a prensagem é sempre muito mal feita. Mesmo com um som legal, ao fundo você terá (em um disco novo) chiados, estalos e distorções. Este do Raul já vi dizerem que o som é abafado e não nem perto da prensagem original, mas nada posso dizer porque nunca o ouvi este da Polysom.
Tenho o First press. Óbvio que é melhor