O Long-play e a possibilidade de eternizar uma Jam Session.
Assim como a maior parte da música clássica não podia ser captada satisfatoriamente usando apenas os dois lados de um 78 rpm, também as sessões de jazz só puderam ser registradas para a posteridade com o advento do long-play de vinil.
Quando o mercado se restringia ao formato 78 rpm, os fãs de música clássica que quisessem obras completas tinham que lidar com múltiplos discos. Projetadas para audições em salas de concerto ou em transmissões radiofônicas, as peças duravam mais tempo do que um 78 rpm era capar de conter.Leia mais em: Anos 50, LPs e Rock n’ Roll
A jam session, em que músicos que não tocam regularmente na mesma banda improvisam juntos, era tão velho quanto o jazz. O pioneiro a registrá-las em disco foi o empresário e produtor Norman Granz, nascido em 1918. No início da década de 1940, Granz começou a organizar jam sessions não segregadas no Trouville Club, em sua Los Angeles natal, antes de promover a sessão memorável de Philharmonic Auditorium de Los Angeles em 02 de julho de 1944. Batizado como “Jazz at the Philharmonic” – depois que a gráfica abreviou a chamada de “A Jazz Concert at the Philharmonic Auditorium” -, o concerto contou com grandes nomes, como o cantor Nat King Cole, o saxofonista Illinois Jacquet e o guitarrista Les Paul. E virou o molde para os lendários shows de Granz, os concertos “Jazz at the Philharmonic”, pelos trinta anos seguintes.
Após outros concertos em Los Angeles, Granz começou a produzir turnês JATP (como eram chamadas), a partir de 1945 pelos Estados Unidos e Canadá, e a partir de 1952 pela Europa, com os maiores nomes do jazz da época, como Charlie Parker, Coleman Hawkins, Dizzy Gillespie, Lester Young e Ella Fitzgerald. Granz aproveitou a oportunidade e gravou a magia espontânea das jam sessions pela primeira vez na história do jazz.
Leia também: O Long-play completa 69 anos. Saiba mais sobre essa história.
A partir de 1944, as primeiras gravações de números individuais foram lançadas em 78 rpm no velho formato de álbum. Mas com a introdução do long-play de vinil pela Columbia em 1949, Granz foi capaz de lançar discos com as execuções mais longas pelas quais os shows do JATP eram famosos. A partir de 1950, foi lançado uma série de jam sessions sensacionais – em vinil e dez polegadas, e depois em vinil de doze -, sob a bandeira do jazz at the Philharmonic; e, de 1951 em diante, pelo selo Clef, de Granz, que ele criou em 1946. Em 1956, Granz fundou a Verve, juntando os catálogos da Clef e de seu outro selo, Norgran.
Além das jam sessions gravadas nos shows de JATP, Granz promoveu sessões de estúdio, com versões estendidas de riffs de blues ou medleys de melodias conhecidas. Clássicos do gênero são os dois volumes de Jam Session (1952), em que o grande Charlie Parker toca seu saxofone alto com outros gigantes do jazz, como os saxofonistas Johny Hodges e Ben Webster e o pianista Oscar Peterson, que Granz empresariou por vários anos.
Fonte: Vinil – A Arte de Fazer Discos.