Ele escuta do funk ao axé. Mas quais os discos preferidos de Caetano?
Caetano Veloso é um cara diferenciado. Não parou no tempo e vem absorvendo tudo o que é feito Brasil a fora pra seguir compondo. Exemplo disso é seu gosto que vai do funk carioca ao axé music.
De acordo com ele o funk carioca experimenta muito, e suas abordagens, até mesmo as sexuais, são bastante audaciosas.
O pessoal do funk carioca experimenta muito. E é muito audacioso na abordagem de temas sexuais (…) Música popular é uma forma de divertimento que sempre foi forte no Brasil
Mas, apesar de antenado e sempre atualizado no que é produzido, Caetano fez uma lista de seus álbuns preferidos, e todos ambientados em décadas passadas. Confira quais são:
Caymmi e seu violão – Dorival Caymmi
“Canoeiro” abre o disco mostrando que a força de Dorival Caymmi não estava nos grandes arranjos, mas como ele consegue descrever com exatidão a vida de um pescador. O dedilhado do violão só ajuda a criar esse clima intimista de alguém que sabe exatamente do que está falando e sabe contar essa história usando as palavras certas. A segunda faixa, “A Jangada Voltou Só”, é a melancólica história da morte de Chico e Bento, parceiros de pescaria. A letra trata de como a cidade recebeu a partida dos dois e como o acontecimento abalou as pessoas, porque ambos eram pessoas muito queridas na comunidade. A animada “Dois de Fevereiro” celebra o dois de fevereiro, dia de Iemanjá – a rainha do mar. Dorival descreve como é a data, incluindo um pedido que fez e a resposta que recebeu. A morte é tema mais uma vez na melancólica quarta faixa, chamada “É Doce Morrer no Mar”, parceria com o imenso Jorge Amado (1912 – 2001). O estilo é bem parecido com o da segunda canção do álbum. A suavidade do violão é perfeita para descrição de como é morrer no mar.
Chega de Saudade – João Gilberto
Chega de Saudade é o primeiro álbum do cantor e compositor brasileiro João Gilberto. O disco foi lançado em LP em 1959, tendo sido mantido em catálogo desde o seu lançamento até 1990, por 31 anos consecutivos. A faixa-título do LP, composta pela dupla Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, grande sucesso no Brasil, lançou a carreira de João Gilberto, tornando conhecido o movimento da bossa nova que se iniciava. Em 2007, foi eleito em uma lista da versão brasilieira da revista Rolling Stone como o quarto melhor disco brasileiro de todos os tempos. Na época do lançamento, a crítica do jornal O Estado de S. Paulo afirmou que João “é um dos mais musicais dos nossos cantores populares, predicado que compensa amplamente o seu pequeno volume de voz. A esse respeito, é digna de nota sua interpretação de ‘Desafinado’. Revela, além disso, um bom gosto fora do comum na escolha das melodias gravadas neste primeiro LP e uma sobriedade na interpretação como raras vezes temos observado.”
Ben – Jorge Ben
Ben é o nono álbum do cantor brasileiro Jorge Ben, lançado em LP em 1972. É uma obra de transição, sendo o primeiro álbum sem a participação do Trio Mocotó desde O Bidú: Silêncio no Brooklin, de 1967, e o antecessor daquele que é considerado o melhor disco da sua carreira em lista divulgada pela revista Rolling Stone Brasil.
Clube da Esquina – Milton Nascimento e Lô Borges
Iniciado em Belo Horizonte nos anos 60, o Clube da Esquina foi um dos mais expressivos movimentos da música nacional. Influenciando gerações seguintes, mineiras ou não, seus artistas inovaram na sonoridade e traziam nas letras verdadeiras poesias. Seu primeiro disco, homônimo de 1972, volta às prateleiras esse ano pela coleção “Clássicos em Vinil”, da Polysom, em vinil duplo de 180 gramas. Com as músicas interpretadas por Milton Nascimento e Lô Borges, o disco traz 21 faixas, em sua maior parte de autoria dos dois, de Márcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos. Entre elas estão “Clube da Esquina Nº 2”, “Tudo que Você Podia Ser”, “Trem Azul”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e “Paisagem da Janela”. Beto Guedes canta com Milton “Saídas e Bandeiras Nº1”, “Saídas e Bandeiras Nº 2” e “Nada Será como Antes”. Alaíde Costa também participa do álbum em “Me Deixa em Paz”.
Ou Não – Walter Franco
Com total liberdade no estúdio, apoio de Duprat, e a melhor tecnologia disponível na época, Walter estréia com o clássico disco Ou Não (também conhecido como Disco da Mosca ou Disco Branco). A capa trazia apenas uma mosca ao centro de um capa branca e apenas o título na contra-capa. Ou Não foi um lançamento revolucionário. Walter utilizava técnicas incomuns, como a poesia concreta, repetições de fragmentos de letras e arranjos extremamente elaborados. Não são poucos os que consideram como a melhor estréia de um artista brasileiro.
Brasileirinho – Maria Bethânia
Tratado por Maria Bethânia como um disco “pequeno”, “Brasileirinho” ostenta a virtude de abdicar da centralidade baiana, para querer representar todo o Brasil, todos os brasis. “Brasileirinho” cresce ao se espalhar pelo Brasil indígena (“Senhor da Floresta”), pela negritude ex-escrava (“Yáyá Massemba”, o ex-tropicalista Capinan de volta à composição), pelo aboio interiorano de Luiz Gonzaga (“Boiadeiro”, inesperada e nada sutil na voz de Bethânia).
Coisas – Moacir Santos
Coisas é considerado um dos melhores discos nacionais de todos os tempos. Foi produzido por Roberto Quartin, e é composto por 10 faixas, todas elas nomeadas “Coisa“, sendo diferenciadas apenas por suas numerações. São todas de autoria de Moacir, mas que também contaram com algumas parcerias como Mario Telles, Regina Werneck e Clóvis Mello. Esse disco, que já foi uma das grandes raridades buscadas por colecionadores do mundo todo, agora está de volta aos catálogos. A nova versão chega à nossa loja pela Polysom. A versão relançada não perde em anda para a original, são todas as faixas inteiramente instrumentais e fiéis aos tapes originais. Esse disco, que é uma verdadeira obra de arte e já teve exemplares vendidos por 3 mil dólares, está agora mais acessível do que nunca. Acesse nossa loja e garanta já o seu!
Quem é Quem – João Donato
Quando João Donato lançou “Quem é Quem”, em 1973, ele já tinha mais de 20 anos de carreira e conquistado reconhecimento nacional e internacional. O álbum foi produzido por Milton Miranda e Marcos Valle, com arranjos de João Donato, Maestro Gaya, Lan Guest, Laércio de Freitas e Dory Caymmi. O disco traz 12 faixas, sendo a grande maioria de sua autoria com parceiros como Geraldo Carneiro, Lysias Ênio, Paulo Cesar Pinheiro, Caetano Veloso e João Carlos Pádua. A única exceção é a música “Cala Boca Menino”, de Dorival Caymmi.
Falso Brilhante – Elis Regina
Falso Brilhante é um dos discos mais emblemáticos da carreira de Elis Regina e foi um álbum que marcou uma época através de seus trejeitos, nuances, formas e equilíbrio, que até hoje é muito comentado e lembrado por fãs que tem cada passo da cantora na mente. Praticamente nenhum outro cantor ousou em cantar as músicas imortalizadas por Elis.
Recanto – Gal Costa
Recanto é o primeiro álbum de canções inéditas lançado pela cantora Gal Costa desde 2005. Tal fato, aliado ao da produção do álbum ser capitaneada por Caetano Veloso, que praticamente divide o álbum com a cantora, gerou muita expectativa em torno do seu lançamento. O disco é praticamente experimental, ou seja, quem estiver esperando um álbum da cantora Gal, não vai encontrar esse trabalho em “Recanto”. Por outro lado, o ouvinte vai encontrar um disco ousado, mas não por acaso, pois a produção de Caetano é notadamente direcionada para esse fim.
O Passo do Lui – Paralamas do Sucesso
O Passo do Lui, segundo trabalho do grupo Os Paralamas do Sucesso. Muito mais que um disco que trouxe oito hits nas rádios (entre as dez canções gravadas), O Passo segue como um trabalho discretamente revolucionário, inscrito na rara categoria dos que, além de romper barreiras e apontar padrões, também venderam bem, tocaram em rádio e permanecem atuais. Ouvido hoje, com 30 anos de idade, é quase um milagre que ele siga tão bonitão e jovem.
Cabeça Dinossauro – Titãs
Cabeça Dinossauro é o terceiro álbum de estúdio da banda brasileira de rock Titãs, lançado em 1 de junho de 1986. Não só marcou a estreia da parceria da banda com o produtor Liminha, que na época era diretor da WEA, o que facilitou a aproximação de ambas as partes; como também garantiu o primeiro disco de ouro para a banda, em dezembro do mesmo ano. Talvez um dos maiores discos de rock do Brasil de todos os tempos! Predada atrás de predada!