Japão – O Paraíso das lojas de Disco
Se você um dia passar por Tóquio não tenha dúvidas, vá a uma loja de discos. Esse é um conselho que dá Ian Shirley, depois de uma temporada pelo Japão:
“Em Tóquio, vá às lojas de discos. Foi isso que eu fiz quando passei oito dias na capital do Japão, e a experiência me abriu os olhos. A primeira coisa que eu vi quando entrei na loja principal da rede DISK UNION no bairro de Shinjuku foi uma cópia do recém-retirado do mercado single comemorativo de aniversário dos Beatles ‘Love Me Do/PS I Love You’ [# de catálogo R4949/R 4714 /5099901740172]. Tal como os leitores devem saber, devido à gravadora EMI ter prensado a versão errada da música no lado A, 20 mil cópias foram retornadas e destruídas e aquelas que escaparam da fundição de vinil tem sido negociadas entre 25 e 60 Libras Esterlinas no Ebay nos últimos meses. Um pequeno lote acabou ficando no Reino Unido e parece que outro fora enviado ao Japão antes do erro ter sido percebido. A Disk Union estava cheia deles a um preço bem razoável de 1000 ienes, algo em torno de 8 Libras [24,50 Reais]”.
Por lá há diversas lojas de disco, mas a Disk Union é a líder do Mercado, com 48 lojas por todo o país. Uma dúzia delas na área de Shinjuku e quarto na de Shibuya, a alguns quilômetros de distância. Elas oferecem departamentos especializados espalhados por diferentes andares do mesmo prédio ou em endereços diferentes, e que fornecem para todo gosto, seja jazz, rock progressivo, rock, avant-garde, soul, punk, new wave, heavy metal, música clássica, psych, reggae, e muitos outros gêneros.
“Quando o assunto é raridade em oferta, eu fiz uma lista tão longa quanto os braços de uns gigantes e alguns destaques aleatórios incluíam uma prensagem de ‘Neat Neat Neat’ do The Damned em encarte japonês com foto [100 mil ienes/2100 Reais], uma prensagem de teste do LP ‘Come My Way’ de Marianne Faithfull [20 mil ienes/425 Reais], o LP ‘Trans European Express’ do Kraftwerk em uma prensagem original alemã [5800 ienes/123 Reais], ‘In The Wake of Poseidon’ do King Crimson, prensagem original estadunidense [9800 ienes/210 Reais] e o LP de Doris Troy pela Apple [24 mil ienes/510 Reais], ‘Let’s Go Swimming’ de Arthur Russel em 12 polegadas [promo dos EUA – 5800 ienes/123 Reais] e ‘My Love’, do New Age Steppers, 12 polegadas, a 4800 ienes [102 Reais]. Também foi estranho ver uma cópia inglesa em vinil vermelho de ‘Swingin’ Doors’ de Diana Dors!”
Quando se trata de raridades, os colecionadores nipônicos ainda pagam grana alta por discos. Assim, muitos dos itens mais raros que os compradores da Disk Union procuram surpreendentemente coincidem com as procuras que os britânicos, por exemplo, fazem, como: Leaf Hound, Ben, Led Zeppelin, Black Sabbath, Will Malone, Mellow Candle, Norman Haines, King Crimson, The Rolling Stones, Nick Drake, Pink Floyd. Mas não para por aí. Os japoneses são especialistas no garimpo brasileiro. Muitas lojas compram lotes fechados de nossos relançamentos para revender por lá.
Fonte: Wihplash
Conheça o caso Sexteto do Beco:
Essa é uma banda que surgiu no final dos anos 70, e gravou um LP único e de forma independente em 1980. A banda, na verdade, tem 18 membros, mas manteve seu nome sexteto até o fim. O álbum em questão, e que carrega o mesmo nome do grupo, foi gravado e mixado em apenas 8 dias, e está entre as raridades mais buscadas no Brasil, e fora dele.
Se você ainda não conhecia esse grupo, essa é uma chance. O LP está sendo relançado em uma edição limitadíssima. O que é uma honra, pois trata-se de um dos discos mais lendários da música instrumental brasileira.
Além do disco, informações sobre o Sexteto também são difíceis de se encontrar, portanto, vamos anexar aqui um breve relato feito por Ed Motta sobre o álbum, e como o descobriu: “Sexteto Do Beco, banda de jazz fusão baiana oitentista, respeitada no mundo todo. Michael Urbaniak violinista polonês de jazz, tocava esse tema do grande Aderbal Duarte nos seus concertos. Disco independente, difícil de achar. Consta em vários livros sobre música no Japão, onde escutei pela 1a vez, me lembro bem, na loja First Impressions em Osaka, fiquei boquiaberto com o disco, tinha relação grande com o que eu queria fazer na época do meu Aystelum. Na volta para o Brasil meu amigo Carlinhos da loja Disco 7 em São Paulo conseguiu uma cópia em excelente estado. A cantora Andrea Daltro usa a voz como instrumento, os temas são instrumentais-vocais, como muito se fez no jazz dos anos 60 e 70. Eu tive a honra de um encontro com eles em Salvador, levei o disco para pegar o autógrafo deles e tudo mais. A Bahia criativa e exuberante, escondida pelo tempo, em detrimento dos imediatismos de mercado.”
O Grupo foi formado em 1978, e era composto por: Aderbal Duarte e Tomás Gruetz (violão – Ovation), Antônio Sarquis (baixo), Guilherme Maia (baixo elétrico), Zeca Freitas (piano elétrico), Guillermo Migoya (bateria), Francisco Cabral (percussão), Andrea Daltro (voz), Sergio Souto, Oscar Dourado, Paulo Andrade, Samuel Motta e Paulo Bento (flauta), Marco Esteves (sax), Tuzé de Abreu (sax), Valeu Cerqueira (sax), Juraci Pereira (trompete) e Gerson Barbosa (trombone).
Sexteto do Beco – 1980
O disco antes dificílimo de ser encontrado, agora está disponível novamente em Vinil em um relançamento da Assustado Discos. Sexteto do Beco foi lançado em 1980, e tem grande repercussão no mundo do Jazz. É um dos discos instrumentais brasileiros mais procurados no Japão e pela Europa. Foi o único trabalho lançado pelo grupo, mas foi o suficiente para registrar o nome desse grande encontro de músicos.
O disco está disponível para pré-venda pela Bilesky Discos, mas a edição é limitadíssima, portanto, corra e garanta o seu! Adquira o seu aqui.
Músicas:
01 – Flutuando (Aderbal Duarte)
02 – Siamass (Thomas Gruetz)
03 – Kiua (Sergio Souto)
04 – Suíte 312 (Aderbal Duarte)
05 – Águas Cristalinas (Samuel Motta)
06 – Cromossamba (Aderbal Duarte)
07 – Um Segundo (Antônio Sarquis)
08 – Cantilena (Aderbal Duarte)