Sete discos de jazz que todo fã de hip-hop precisa conhecer!
O DJ Premiere é um dos primeiros produtores de hip-hop a samplear jazz, algo que o ajudou a traçar uma nítida linha espiritual entre diferentes eras da música negra. “Manifest”, de 1989, seu primeiro single como a outra metade da dupla Gang Starr, usou o ritmo da famosa versão de Charlie Parker e Miles Davis para “A Night In Tunisia”, e chamou a atenção de Spike Lee, que convocou a dupla para a trilha sonora de Mais e Melhores Blues(1990). Eles contribuíram com uma versão modificada de sua faixa “Jazz Thing”, do disco No More Mr. Nice Guy .
Para o DJ a ligação entre o jazz e o hip hop é autoevidente. “O jazz veio das ruas, o hip-hop veio das ruas”, diz ele. “É só uma linguagem diferente. Tudo surge dos tempos difíceis, das dificuldades, e da luta pela igualdade e por melhorias. Para falar sobre as coisas insanas que acontecem em nossa comunidade, quando se trata de sermos minorias. A gente contribuiu com muita coisa para esse planeta, para torná-lo um lugar massa.”
Miles Davis – Bitches Brew (1970)
“Minha mãe tinha esse disco, e ela botava para tocar lá em casa toda hora. Ela é professora de artes, pintou muita coisa e gosta muito de arte africana – meus pais tinham estátuas africanas espalhadas por toda casa, no Texas. A arte de capa de Bitches Brew, com a pessoa negra de pele escura – nós temos os mais variados tons de pele, mas o negro de pele mais escura nem sempre recebe tanto destaque quando o negro de pele mais clara. Ela pintava de tudo, mas curtia muito [a iconografia] de estilo africano, e essa capa encarna isso. Foi o que me chamou atenção. E aí, quando você ouve a música, é bem o que a capa sugere.”
John Coltrane – A Love Supreme (1965)
“Esse é um clássico, um disco que todo mundo tem que ter. Se você não tem nada do Coltrane, A Love Supreme é o que você precisa. Ele vai explicar tudo. Mesmo que você não entenda, ainda assim ele vai explicar tudo. Para você ver o quanto ele é profundo.”
Weather Report – Heavy Weather (1977)
“Eu sou baixista e baterista – sou muito fã de baixistas. Adoro o Stanley Clarke (gosto de Rocks, Pebbles and Sand. Um dos meus discos favoritos. E School Days – School Days na veia. Poderia passar o dia inteiro ouvindo só esse disco), adoro Jaco Pastorius, que fazia parte do grupo. A música que me seduziu foi ‘Teen Town’, então, depois que comecei a curtir essa, ouvi todos os discos do Weather Report, de Black Market a Mysterious Traveler. Passei a curtir muito eles, e aí o Jaco começou a soltar coisas solo – eu curtia ele e o pianista Joe Zawinul.”
The Crusaders – Those Southern Knights (1976)
“‘Keep That Same Old Feeling’ foi uma música muito, muito popular – é uma das mais difíceis de se aprender a tocar no baixo. Foi um disco que me fez ter vontade de aprender a tocar como o baixista. Foi por isso que curti essa música. E todos os discos dos Crusaders – Southern Comfort, Chain Reaction, Second Crusade, com certeza Street Life. Mas Those Southern Knights só por causa daquela música, ‘Keep That Same Old Feeling’, o tempo dela, o jeito que eles tocam – foi uma influência muito forte em como eu traço as linhas de baixo hoje em dia, como uso um sample e toco em cima dele. Não a uso como sample, mas ela influencia minha maneira de produzir e de tocar.”
Cannonball Adderley – Country Preacher (1969)
“Aquela música, ‘Walk Tall’, com Jesse Jackson falando no início – a gente achava aquilo muito foda. Tipo, uau, você colocou o Jesse Jackson na parada. Na verdade, o A Tribe Called Quest também usou na – não vou nem dizer o nome, eles talvez não tenham resolvido a questão.”
Herbie Hancock – Head Hunters (1973)
“Ouço Herbie Hancock desde sempre. Ele passou por tantas transições, mesmo antes de trazer o hip-hop para o centro do palco com ‘Rockit’ e tal. A gente já ouvia Head Hunters, e Thrust, e Manchild. Future Shock tinha ‘Rockit’, e esse foi um grande passo na direção de as bandas de jazz prestarem homenagem ao hip-hop, até mesmo no clipe. Até mesmo tocando ela ao vivo nos Grammys? Essas coisas todas – Secrets… ele tomou tantas boas direções. Ele adentrou por todos os diferentes gêneros, e continua sendo ele mesmo. E não tinha medo de ir nessas direções, saca?
Branford Marsalis – Random Abstract (1987)
“Ele me ensinou muita coisa quando trabalhamos no projeto Buckshot LeFonque– sobre como ele via a própria maneira de tocar. Sempre que discutíamos sobre hip-hop, ele nunca gostava das letras. Para ele as letras não importavam, eram as músicas que importavam. Sempre entrávamos nessa discussão, mas uma coisa que eu gosto nele é a sinceridade, e o respeito que tinha por mim e pelo que eu fazia. Ele viu como eu manipulava a música. Na verdade, foi por causa dele, e do Spike Lee, que nós do Gang Starr assinamos com uma grande gravadora. Devo muito a ele. Muito mesmo. Random Abstract saiu em 87 – quando Guru e eu conhecemos Branford, Random Abstract era seu disco mais recente. Curti a arte de capa, porque me fazia lembrar da minha mãe – todas as paradas abstratas que ela tinha em casa, e todas as pessoas no bairro que tinham obras da minha mãe em suas casas.”
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