Lançamentos

Refavela completa 40 anos e é relançado em Vinil.

Esse ano um disco especial de Gilberto Gil completa 40 anos de lançamento. Integrante da trilogia “Re”, o disco Refavela está em fase de celebração pelo Brasil, com shows carregados de músicos de diversas gerações unidos pela referência de Gil.

As celebrações não se limitam aos shows, o que, de certa forma, o traz ainda mais pra perto de seus apreciadores. A novidade do mês de setembro é o relançamento em Vinil Especial desse clássico de 77.

A composição do álbum é fruto da viagem de Gilberto à Nigéria na década de 70, e traz raízes africanas e suas fusões com a música brasileira. O disco foi gravado no estúdio Phonogram, e contou a produção de Roberto Santana.

Feito na sequência de “Refazenda”, “Refavela” traduz um pouco do momento histórico do país, trazendo à luz uma migração da população rural para a cidade, fenômeno que marcou a década de 70.

Entenda mais do processo de criação desse grande disco, nas palavras de Gil:

Em 77, eu fui participar do Festac, festival de arte e cultura negra, em Lagos, na Nigéria, onde reencontrei uma paisagem sub-urbana do tipo dos conjuntos habitacionais surgidos no Brasil a partir dos anos 50, quando Carlos Lacerda fez em Salvador a Vila Kennedy, tirando muitas pessoas das favelas e colocando-as em locais que, em tese, deveriam recuperar uma dignidade de habitação, mas que, por várias razões, acabaram se transformando em novas favelas.

Para abrigar os 50 mil negros do mundo inteiro que para lá acorreram, tinha sido construída uma espécie de vila olímpica com pequenas casas feitas com material barato e um precário abastecimento de água e luz, que reavivou em mim a imagem física do grande conjunto habitacional pobre. Refavela foi estimulada por este reencontro, de cujas visões nasceu também a própria palavra, embora já houvesse o compromisso conceitual com o re para prefixar o título do novo trabalho, de motivação urbana, em contraposição a Refazenda, o anterior, de inspiração rural.

A esses fatores se somaram outros, locais: a mobilidade, por vezes difícil, outras vezes facilitada, dos negros cariocas na relação morro-asfalto e o movimento da juventude black-Rio, que se instalava propondo novos estilos de participação na questão da negritude no Brasil e no mundo, com mais atividade cultural e absorção de elementos do discurso e da luta negra da América e da África.

A dificuldade com que a história tem-se defrontado para proporcionar o verdadeiro resgate da cultura e da natureza dos negros, exatamente pela manutenção reiterada da sua condição paupérrima; a coisa da ‘miséria roupa de cetim’, da ‘Belíngia’ (Bélgica/Índia), esse binômio de disparidades – Refavela é sobre isso. A informação forte da música está nas duas primeiras estrofes; perto delas, o resto é ornamento.

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