10 discos e trilhas sonoras que inspiraram Tarantino.
Cinema é uma das artes mais completas e complexas. Veja bem… É um amarrado de ideias que precisam mesclar a história, a estética, o roteiro, e ambientar o espectador fazendo com que sua atenção permaneça fixa durante toda a trama. Um dos recursos utilizados para isso é a Trilha Sonora.
E se tem um cara que é referência na direção de filmes e também impecável nas trilhas sonoras, esse cara é o Tarantino.
Tá interessado em saber quais as maiores referências dele? Então confira a lista com os 10 discos/trilhas sonoras preferidos de um dos maiores diretores/produtores/roteiristas de cinema que já tivemos!
Bob Dylan:
Blood On The Tracks
“Este é o meu disco favorito de todos. Passei o fim da minha adolescência e o começo dos meus 20 anos ouvindo música antiga – rockabilly, coisas do tipo. Então eu descobri o folk quando eu tinha 25, e isso me levou ao Dylan. Ele me impressionou com esse disco. É tipo o grande álbum da segunda fase, sabe? Ele fez a primeira leva de discos nos anos 60, daí começou a fazer os álbuns menos problemáticos – e disso veio “Blood On The Tracks”. É obra prima dele.”
“Tangled Up In Blue”
“Ok, talvez eu esteja trapacendo. Eu sei que essa é do Blood on Tracks, mas essa é a minha música favorita de todas. É uma daquelas canções em que as letras são ambíguas, que na verdade você escreve a música por si próprio. É muito divertido – é como se Dylan estivesse brincando com o ouvinte, brincando com a forma que ele ou ela interpretam as letras. É bem difícil pegar músicas individuais do Blood on Tracks, porque ele funciona muito bem como um álbum inteiro. Eu costumava pensar que “If You See Her, Say Hello” era uma faixa mais poderosa que “Tangled Up in Blue” mas, ao longo dos anos meio que percebi que “Tangled…” levava vantagem, pela diversão que você pode ter com ela.
Freda Payne:
“Band Of Gold”
“Eu sou um grande fã de música. Amo o rock’n’roll dos anos 50, Chess, Sun, Motown. Todas as bandas de Merseybeat, grupos de garotas dos anos 60, folk. Isso era tão legal: uma combinação da forma que era produzido, o som bacana do pop/R&B, e a voz da Freda. Era um tanto cafona – sabe, tinha mesmo uma batida rápida e, nas primeiras vezes que ouvi, eu ficava tipo, totalmente ligado na animação da música. Foi apenas na terceira ou quarta ouvida que percebi que as letras eram de partir o coração.
Elvis Presley:
The Sun Sessions
“Esse tem sido um álbum extremamente importante para mim. Sempre fui um grande fã de rockabilly e grande fã do Elvis, e para mim esse álbum é a expressão pura do que o Elvis era. Claro, há grandes músicas individuais – mas nenhuma coletânea alcançou esse álbum. Quando eu era jovem, costumava pensar que Elvis era a voz da verdade. Não sei o que isso significa, mas a voz dele…caramba, soava pura pra caralho. Se você cresceu amando Elvis, é isso. Esqueça o período Vegas: Se você realmente gosta de Elvis, você se envergonha daquele cara em Vegas. Você sente que ele te decepcionou. O “Hillbily Cat” [fazendo referência à fase 53-55] nunca te decepciona.”
Phil Ochs:
“I Ain’t Marching Anymore”
“Ok, daqui em diante não haverá nenhuma ordem. É o mesmo com os filmes: Tenho meus três favoritos – Taxi Driver, Blow Up e Onde Começa o Inferno – e depois disso depende do meu humor. Esse é um dos meus álbuns favoritos de protesto/folk. Enquanto Dylan era um poeta, Ochs era um jornalista musical: Era um cronista do seu tempo, cheio de humor e compaixão. Ele escrevia músicas que poderiam parecer bem simples, e então, no último verso, ele dizia algo que, tipo, deixava você arrasado. Uma música que eu gosto muito nesse disco é “Here’s to the State of Mississipi” – Basicamente, isso é tudo o que o filme “Mississipi em Chamas” deveria ter sido.
“The Highwayman”
“Estou trapaceando de novo. Esse é um poema de Alfred Noakes que Ochs musicou. O vocal me fez explodir em lágrimas mais vezes do que prefiro lembrar.”
Elmer Bernstein:
“The Great Escape”
“Eu tinha uma grande coleção de trilhas sonoras de filmes. Não me entusiasmo mais com elas, até porque agora a maioria das trilhas são uma coletânea de músicas de rock, metade delas nem aparece no filme. Essa é um verdadeiro clássico. Ela tem um tema principal que traz o filme direto para a sua cabeça. Todas as faixas são boas – e é tão eficaz. Levei tempos para conseguir uma cópia, e, cara, eu quase chorei quando finalmente consegui.”
Bernard Herrmann:
“Sisters”
“Este é de um filme do Brian de Palma. É um filme assustador, e a trilha sonora…ok, se você quer se assustar, desligue as luzes, sente no meio da sala e ouça esse disco. Você não vai durar um minuto. Quando eu estou começando a pensar sobre um filme, eu vou começar procurando por músicas que reflitam a personalidade do filme, vou começar procurando músicas que possam refletir essa personalidade. O disco que mais penso sobre é aquele que toca durante os créditos de abertura, porque é ele que vai dar o tom do filme. Como em “Cães de Aluguel”, quando você vê os caras saindo da lanchonete, e a linha do baixo de “Little Green Bag” entra – você já sabe que vai ter encrencas.”
Jerry Goldsmith:
“Under Fire”
“The Main Theme’ é uma das maiores peças de músicas escritas para um filme. É tão assombrosa, tão bonita – cheio de flautas de pã e coisas do tipo. É destruidor, sabe – como um tema do Morricone. Por incrível que pareça, “The Main Theme” funciona muito bem, mas nunca tocaram ela nos créditos de abertura. Colocaram ela no meio e durante os créditos finais, o que é bem estranho.”
Jack Nitzsche:
“Revenge”
“De todas as trilhas sonoras, esta é a melhor. É de um filme do Tony Scott – ele dirigiu Amor à Queima-Roupa – e é uma composição muito exuberante, elegante. Você não precisa conhecer o filme para apreciar a trilha sonora: Ela funciona do seu próprio jeito.”
Essa lista é resultado de uma entrevista que Tarantino deu ao jornalista Michael Bonner (Uncut).