Curiosidades

Conheça a Verve, um dos catálogos mais fortes do jazz.

A Verve e uma das companhias de disco emblemáticas que emergiram da revolução do vinil nos anos 1950. Fundada em 1956, quando o long-play de doze polegadas superava como padrão do vinil seu predecessor de dez, foi criação do lendário produtor e promotor de concertos Norman Granz.

Fundador do selos Clef, em 1946, e Norgran, em 1953, com os concertos Jazz at the Philharmonic e os álbuns de jam sessions, Granz estava na vanguarda da cena do jazz quando decidiu fundar a Verve em 1956, em para para absorver seus catálogos anteriores numa só companhia. Seu outro objetivo imediato para o selo foi atuar como um veículo para a cantora Ella Fitzgerald, que ele empresariava na época. Articulou a saída dela da Decca e logo fundou a Verve. “Comecei numa Segunda-Feira”, lembrou o diretor de operações Buddy Bregman. “Na terça ainda não tínhamos nome, e na quarta Norman apareceu com Verve”.

O selo estreou com Ella Fitzgerald Sings the Cole Porter Songbook (1956), primeiro de sete álbuns dedicados aos grandes compositores americanos. Granz havia pedida à Decca que realizasse o projeto, mas, como ele declarou, “eles tinham uma coisa em mente: emplacar singles de sucesso. Eu queria encontrar uma maneira de melhorar a posição de Ella, fazer dela uma cantora com mais do que um grupo cult de fãs entre os amantes do jazz (…) Então propus a Ella que o primeiro álbum da Verve não seria de jazz, mas um songbook das canções de Cole Porter. Vislumbrei-a cantando vários outros compositores. O truque foi muda o acompanhamento o suficiente para que, aqui e ali, houvesse sinais de jazz”.

O fato de Granz gravar e promover o patrimônio musical americano levou à Verve um dos catálogos mais fortes do jazz. Contratações notáveis como Bill Evans, Ben Webster, Billie Holiday, Stan Getz, Lester Young e Oscar Peterson, reforçam ainda mais a lista. Granz  também empresariava Peterson. “Nunca tive um contrato assinado com Ella ou Oscar”, observou. “Eu disse a Ella, se você quer ter o luxo pode dizer ‘Norman, estou indo embora’, você vai. Fique à vontade, mas eu também quero ter o luxo de poder dizer para você ir embora. Então foi uma relação ótima. Ella permaneceu talvez por quarenta ou 45 anos. Oscar bem mais que cinquenta”.

Assim como os projetos de Jazz at the Philharmonic, a produção da Verve na década de 1950 ficou também fortemente associada ao estilo visual do artista gráfico David Stone Martin, cujo trabalho característico dominou os lançamentos.

Quando Granz vendeu a Verve para a MGM em 1961, Creed Taylor assumiu como produtor, e o selo liderou a onda da bossa nova com o seminal Jazz Samba (1962), do saxofonista Stan Getz, João Gilberto ao violão e a cantora Astrud Gilberto, companheira de João. Fato incomum para um selo de jazz, a Verve emplacou sucessos: “Desafinado” de Jazz Samba, foi décimo quinto nos EUA, enquanto “garota de Ipanema”, de Getz/Gilberto, chegou ao quinto lugar e levou o Grammy em 1965.

O selo se ramificou e enveredou pela música de raiz com a Verve Folkways (mais tarde Verve Forecast), criada com o fundado da Folkways Records, Moses Asch, em 1964. Cuidou de artistas como Richie Havens, Tim Hardin e Laura Nyro, e lançou grandes nomes do blues, como Odetta, John Lee Hooker, Lightnin’Hopkins e Lead Belly (este último gravado por Asch nos anos que antecederam a morte do bluesman, em 1949).

Em meados da década de 1960, a Verve assinou com seu primeiro grande astro do rock, Frank Zappa e sua banda Mothers. Rebatizados com o menos sugestivo nome de Mothers of Invention por insistência do selo, produziram Freak Out! (1966), segundo álbum duplo da história do rock. Outro lançamento histórico da Verve no rock, embora não tenha feito sucesso na época, foi The Velvet Underground & Nico (1967), produzido por Andy Warhol e com a icônica capa de banana.

A Verve faturou alto com Diana Krall e hoje é parto do conglomerado da Universal.

 

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