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Patrulha do Espaço – O fim de uma era

É comum ouvirmos a seguinte frase “Não é fácil ser artista no Brasil”. Vocês podem concordar, ou não, mas muitas bandas nacionais encontraram diversas barreiras em suas trajetórias. Podemos iniciar esse debate com uma frase que a banda Patrulha do Espaço usou para justificar o encerramento de suas atividades:

Se não fosse pelo imoral monopólio dos meios de comunicação a Patrulha do Espaço lotaria estádio de futebol com 50 mil pessoas!

Sem dúvidas, a indústria cultural dita o que toca nas rádios e o que vai atingir o gosto e os costumes dos ouvintes. É inevitável. Por isso torna-se tão difícil trabalhar fora desses padrões esperados, ou sobreviver da arte quando ela parece não atingir a todos, não dialogar, não ser reconhecida.

Nesse sentido, e somando-se a problemas naturais de bandas, ainda mais aquelas que já estão com 40 anos de estrada, a Patrulha do Espaço anunciou o término de suas atividades, mas garantiu que o show tem que continuar, portanto, os músicos seguem em suas atividades paralelas à banda.

Confira o relato publicado no dia 12/09 no Facebook da Patrulha:

“Amigas e amigos, depois de muita reflexão, de muito pensar e de conversar com meus companheiros de banda e neste ano, em que Patrulha do Espaço completa 40 anos de estrada, tomei a decisão de pararmos com as atividades da banda, quando finalizarmos este ano de comemorações, que será na segunda-feira dia 17 de setembro de 2018, faremos nosso último show onde tudo começou, na cidade de São Paulo.
Neste meio tempo, seguiremos cumprindo nossos compromissos já agendados, como já estamos fazendo há algum tempo, no esquema de baixo perfil, com poucos shows em algumas cidades, como o fizemos no último domingo em Belo Horizonte e o faremos no próximo sábado em Florianópolis.
Desfiar o rosário de razões para essa decisão seria longo e chato, um dia o farei, mas as razões básicas, são o cansaço e a extrema dificuldade em se fazer algo digno num Brasil onde as dificuldades são cada vez maiores que as facilidades.
Reproduzo aqui algo que li em algum lugar por estes dias, que realmente foi a gota d’água para tomar essa decisão, pois concordo 110% com o que li, que foi o seguinte:
“Se não fosse pelo imoral monopólio dos meios de comunicação a Patrulha do Espaço lotaria estádio de futebol com 50 mil pessoas!”
Creio que cumprimos com dignidade nossa jornada até aqui, mas chegou a hora de dar um tempo, de meu lado não significa que pararei de tocar, seguirei com meus outros projetos artísticos musicais aqui e na Argentina, mas a Patrulha merece um descanso e eu mereço um descanso da Patrulha, ainda nos veremos em alguns shows no decorrer deste ano comemorativo e não vejo isso como algo triste, pelo contrário, melhor parar, do que seguir submetidos a sermos obrigados a tocar num circuito de merda e lidar com promotores e produtores idem.
Muito obrigado a todos e nos seguimos vendo até o último show, saúde, paz, amor e rock para todos.”

 

Muitos se solidarizaram com a decisão, inclusive Oswaldo da Made in Brasil:

Conheça a banda:

Crianda em 1977 por Arnaldo Baptista (ex-Mutantes), juntamente com o baterista Rolando Castello Júnior (que já havia tocado com o Made in Brazil e com o Aeroblus, da Argentina), o baixista Oswaldo “Cokinho” Gennari e o guitarrista irlandês John Flavin (ex-Secos & Molhados), Patrulha do Espaço estreou no 1° Concerto Latino Americano de Rock, no Ginásio Ibirapuera em São Paulo, em setembro de 1977, tornando-se uma das principais expressões do rock paulistano e brasileiro das últimas décadas.

A passagem de Arnaldo pelo grupo foi breve, e em 1978  com a sua saída, a banda passa a contar com a participação de Percy Weiss nos vocais e realizou a gravação de seu álbum de estreia, que foi o primeiro disco independente de rock do Brasil, conhecido como Disco Preto, de onde os hits “Arrepiado” e “Vamos Curtir uma Juntos” marcaram o sucesso das oito faixas lançadas em vinil.

De 1979 a 1985, a banda consolidou-se como o primeiro trio de hard rock brasileiro, realizando centenas de shows. Durante esse período, gravaram três álbuns e um EP, contendo canções como “Columbia”“Festa do Rock” e “Não Tenha Medo”.

 

Para mergulhar no som: Em 1997 e 1998, foram lançados os três primeiros volumes da série de compilações Dossiê que apresentou a obra da banda em formato CD, contando cronologicamente a história da banda.

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