Para um final de semana mergulhado na psicodelia!
Final de semana chegando, que tal separar os LPs que vai curtir e já deixar tudo pronto pra imersão? Separamos aqui alguns discos que não podem faltar numa viagem psicodélica da boa, e nacional, claro!
Deixe nos comentários o som que você está curtindo esse fim de semana, vamos compartilhar!
Em essência, este Lp une um experimentalismo de música erudita com rock’n’roll, caminhos esses que já haviam sido percorridos por diversas bandas, mas Ronnie Von conseguiu ir além, criando uma sonoridade única com instrumentos brasileiros e arranjos que remetem as músicas tropicalistas. Ronnie Von adicionou temáticas recorrentes de sua época e adicionou sons que remetem aos assuntos tratados em cadas uma de suas músicas. A capa já retrata um pouco de seu momento e o som contido no álbum. É uma verdadeira viagem musical!
Alceu Valença – Molhado de Suor – 1974
O Disco Molhado de Suor é o primeiro álbum solo de Alceu, e foi lançado em 1974, logo após o músico participar do filme A Noite do Espantalho no qual fazia o espantalho e o narrador. Quando foi apresentar as canções desse disco por aí, especialmente no Rio de Janeiro, contou com a colaboração de músicos de outra grande representante do forró psicodélico pernambucano: Ave Sangria. O momento vivido pelo Brasil, problemas na gravação e música censurada acabaram boicotando o desenvolvimento da banda, que por necessidades financeiras, precisou se distanciar.
Secos E Molhados – Segundo
Em 1974, com a popularidade altíssima, o grupo Secos e Molhados gravava o seu segundo e último álbum com a formação original. Mais elaborado e menos popular que o primeiro, como “definido” por Ney Matogrosso em declaração a Folha de São Paulo (Janeiro/2000), “Secos e Molhados II” é composto por músicas de temática social como “O Doce e o Amargo”, “Preto Velho” e “Tercer Mundo”. Com poucas palavras, a cabeça do grupo e compositor João Ricardo conseguia abordar temas profundos, como em “Não: Não digas nada”, em “Toada & Rock & Mambo & Tango & ETC” e no único hit do disco “Flores Astrais”, que são interpretadas com toda a expressividade da voz de Ney.
Ave Sangria – 1974
Lançado em 1974, Ave Sangria tem 12 faixas, a maioria delas composta pelo vocalista Marco Polo. Entre as músicas está “Seu Waldir”, uma polêmica canção que foi censurada na época. O motivo da censura é o fato de a letra tratar de um relacionamento homossexual, algo mal visto e proibido pela ditadura militar, que ocorria no Brasil desde 1964. O disco como um todo traduz a efervescência, as neuras e os romances da época.
Os Brazões
O grupo ficou conhecido no final da década de 60 após acompanhar Gal Costa em seus shows. Se como banda de apoio já chamava atenção, é possível imaginar a expressividade que teria sozinha. E isso fica claro no seu único álbum, homônimo, lançado em 1969. Ano efervescente que recuperava toda a loucura dos anos 60, e já indicava o que viria de bom na próxima década. ÉO disco é composto por 12 versões de músicas como “Que Maravilha” (Jorge Ben Jor/ Toquinho), “Feitiço” (Tom Zé)” e “Volks–Volkswagen Blue” (Gilberto Gil), entre outras. Com estilo que misturava rock and roll, R&B e samba, Os Brazões ganharam destaque com um som psicodélico e único.
Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971)
Disco que tinha em sua formação os “malditos” Raul Seixas e Sérgio Sampaio, além do multitalento Edy Star e da cantora Miriam Batucada. A fraca repercussão do trabalho culminou, no ano seguinte, com Raulzito trocando a CBS (com uma relação há tempos desgastada entre ambas as partes) pela RCA. Redescoberto nos anos 2000, o disco ganhou um relativo status cult, justificado pela mistura intensa de gêneros, indo da valsa ao forró, do samba ao rock. Muito do espírito transgressor do trabalho pode ser encontrado nos discos “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua” (1975) de Sérgio Sampaio, além de “Krig-ha, Bandolo!” (1973) e “Gita” (1974), ambos de Raul Seixas.
Ronnie Von – A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nunca Mais
Lançado originalmente em 1969, era para ter o mesmo título do seu antecessor, apenas o nome do cantor, porém a Polydor, gravadora que lançou o álbum, reclamou que um disco sem um nome é mais difícil de trabalhar e colocá-lo no mercado, sendo assim, com a rebeldia à flor da pele, Ronnie Von logo sacou um título em protesto: A Misteriosa Luta do Reino do Parassempre Contra o Império de Nunca Mais. Um dos títulos mais longos entre os álbuns nacionais. Ronnie Von mistura neste Lp músicas dos mais diversos compositores, indo de Tom Jobim à Benito Di Paula, sem deixar de lado os seus arranjos estranhamente psicodélicos.
Pedro Santos – Krishnanda
Krishnanda é um álbum experimental único de Pedro Santos, também conhecido como Pedro Sorongo. Lançado em 1968, é a única obra autoral do artista. Produzido pelo próprio artista no estúdio da CBS, com arranjos de Jopa Lins e o aval de Hélcio Milito, Krishnanda é uma pérola da MPB e apresenta letras poéticas de perspectiva mística sob uma estrutura linguística diferenciada. A diversidade sonora do álbum é muito grande, há muitos tipos de instrumentos percussivos, arranjos de metais entre o samba e ritmos quase que latinos e orientais ao mesmo tempo, sons de animais e da ambiência de uma floresta, um órgão psicodélico, uma guitarra com um timbre similar a uma cítara, xilofones e instrumentos criados e construídos pelo próprio Pedro Sorongo. Apesar da inventividade de seu som percussivo e da influência que teve em músicos da época, não teve grande repercussão e caiu em esquecimento.
Lula Côrtes e Zé Ramalho – Paêbirú
Se sua praia é o rock psicodélico com pitadas de música regional e experimental dos anos 70, te desejo boa sorte e muita grana pra correr atrás desta peça raríssima brasileira: Lula Côrtes e Zé Ramalho – Paêbirú (selo Solar, lançado em 1975 como álbum duplo com encarte de oito páginas). Chega a custar R$ 10.000 por aí! Reza a lenda que, das 1.300 cópias prensadas, mil cópias, além da fita master, foram perdidas numa enchente que ocorreu em Recife em 1975, restando apenas 300 cópias pelo mundo. É com certeza um dos discos brasileiros de maior valor comercial.