Jards Macalé para todos os gostos!
Nascido na década de 40 no bairro da Tijuca, ao pé do Morro da Formiga, Jards Anet da Silva é um cara composto 100% por música. Desde criança teve a influência dentro de casa, pela mãe no piano, e o pai no o acordeom.
Já o seu apelido “Macalé” surgiu graças ao seus desastres como jogador de futebol, e o seu não sucesso nas peladas o fez ganhar o nome do pior jogador do Botafogo na época.
Porém… Azar no jogo, sorte na música: Macalé saiu de casa e foi viver em Ipanema, e a partir daí foi ampliando seus conhecimentos e suas parcerias musicais. Estudou piano, orquestração, violoncelo, violão e análise musical. Fez a direção musical dos primeiros espetáculos da baiana Maria Bethânia, e composições gravadas por Nara Leão, Gal Costa e o saudoso Luiz Melodia.
Que tal agora mergulhar um pouco nas produções de Macalé? Garantimos que tem para todos os gostos.
Lançado em 1970, o trabalho Só Morto é um compacto com quatro canções: Soluços, O Crime, Só Morto (Burning Night) e Sem Essa. Todas elas marcadas pela linguagem musical experimental de Macalé, que iria ditar seu trabalho e de muitos outros durante a década de 70. O selo Discobertas nos presenteia com o relançamento dessa obra, mas com alguns (muitos) detalhes a mais (e essenciais!). O trabalho produzido pelo próprio Jards Macalé e por Carlos Eduardo Machado conta agora com 10 faixas bônus.
Jards Macalé – 1972
Nesse trabalho Macalé mescla rock, samba, bossa-nova, eruditismo, jazz e tropicalismo, chegando perto do que viria a ser o rock brasileiro. Tocado pelo próprio Macalé (violão) acompanhado pelos também geniais Lanny Gordin (baixo e violão de aço) e Tuti Moreno (bateria), o disco é praticamente um disco de banda, com uma sonoridade crua e nada comercial. As composições são parcerias dele com Capinam, Torquato Neto e Waly Salomão, com quem assina, entre outras, seu maior sucesso, “Vapor Barato”, imortalizado na voz de Gal Costa. Além dessas, ele interpreta “Farrapo Humano” (Luiz Melodia) e “A Morte” (Gilberto Gil). Gravado um pouco depois de Macalé ter trabalhado com Caetano Veloso no conceitual “Transa”, “Jards Macalé” é um álbum muito original e que determinou sua importância artistica. Uma das mais influentes obras da nossa música.
Relançado em vinil de 180 gramas, o disco é apresentado tal qual o original, com uma alteração na capa, devido a problemas judiciais tidos no relançamento em CD em 2003. Em suas 12 faixas, Macalé reuniu músicas de sua autoria, como “Garoto” e “No Meio do Mato”, e de outros compositores, como “Cachorro Babucho” (Walter Franco) e “Sim ou Não” (Geraldo Gomes), entre outras. Considerado um dos mais importantes de sua carreira, o disco foi produzido por Guto Graça Mello e Sergio Mello.
Direitos Humanos no Banquete dos Mendigos – Volume 01 e 02
Macalé organizou um show em 10 de dezembro de 1973 com diversos outros artistas, e que, entre uma música e outra, eram declamados artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os motivos do show, com o passar dos anos, ganhou especulações, e até mesmo declarações divergentes do próprio Jards, mas o fato é que na época foi anunciado como um ato em comemoração aos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O que era uma ousadia e tanto no período político que vivíamos, época em que civis eram presos e/ou desapareciam sem muitas explicações. O registro do show resultou no disco Direitos Humanos no Banquete dos Mendigos, que agora tem seu Volume 1 e 2 lançados em LP. O disco foi prensado no Mercosul em vinil 180g, com prensas Newbilt Machinery. O show contou com a produção de Jards Macalé e Xico Chaves.