Curiosidades

20 fatos marcantes na história da música brasileira.

Difícil tarefa a de explicar a trajetória da música brasileira, e como ela se desenrolou durante os anos… as décadas. Para tentar fazer uma breve e simples retrospectiva de todo esse caminhar, separamos 20 acontecimentos importantes que marcaram nossa história.

1 –  Ernesto Nazareth escreve o chorinho “Odeon” – 1910
O Choro foi uma das primeiras manifestações populares da música a crescer dentro daquelas que seriam nossas grandes metrópoles. Os nomes: Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros e Ernesto Nazareth estão entre os pioneiros do estilo. Em 1910, Nazareth escreveu a instrumental “Odeon”, que acabou gravando só dois anos depois na Casa Edison. A canção ganhou letra na década de 1940, obra de Hubaldo Mauricio. Na década de 1960, Vinicius de Moraes fez outra letra, dando nova vida à criação melódica de Ernesto Nazareth.

2 – Zequinha de Abreu rebatiza “Tico- -Tico no Fubá” – 1931
A canção “Tico-Tico no Fubá” já foi a música brasileira mais gravada de todos os tempos. Tudo começou quando Zequinha de Abreu escreveu um tema chamado o “Tico-Tico no Farelo”, mas acontece que ele não sabia é que já existia uma outra canção com o mesmo nome escrita por Canhoto. Em 1931, o autor mudou o nome para “Tico-Tico no Fubá”. A faixa foi gravada pela Orquestra Colbaz, e pouco depois Carmen Miranda e Ademilde Fonseca fizeram versões de sucesso. .

3 – João Rubinato chega a São Paulo e vira Adoniran Barbosa – 1931
Nascido em Valinhos no ano de 1910, João Rubinato sempre quis ser artista. Ele viveu em Jundiaí e Santo André antes de se mudar definitivamente para São Paulo. Ao chegar à capital paulista, ele se encontra na música e adota o pseudônimo Adoniran Barbosa. Adoniran foi também ator de rádio e recriou em suas composições o linguajar dos imigrantes. As criações dele acabaram por dar uma cara ao que se chama hoje de samba paulista.

4 – “Carinhoso”, instrumental de Pixinguinha, ganha letra –  1936
O choro “carinhoso” foi composto por Pixinguinha entre 1916 e 1917, mas era inicialmente um tema instrumental, e que anos depois ganhou letra de Braguinha, o conhecido João de Barro. A história que conhecemos é que no ano de 1936 a então primeira- dama, Darcy Vargas, promoveu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro o espetáculo Parada das Maravilhas, que teria a participação da cantora Heloísa Helena. A cantora conhecia o tema de Pixinguinha e queria cantá-lo. Para isso ela convocou Braguinha para a tarefa de escrevê-la. A primeira gravação da música letrada foi feita por Orlando Silva, “o Cantor das Multidões”, em 1937.

 5 – Dorival Caymmi domina o Rio de Janeiro -1939
Há pouco tempo no Rio de Janeiro, no ano de 1938, Dorival Caymmi começou a cantar suas canções praieiras em emissoras de rádio da cidade, o que o tornou, já no ano seguinte, um nome conhecido. Sua consagração veio com o samba “O Que É Que a Baiana Tem?”. Com livre trânsito na cena cultural da época, o cantor e compositor Almirante quis que Caymmi mostrasse o samba à Carmen Miranda, com a intenção de incluí-lo no filme Banana da Terra. O sucesso de “O Que É Que a Baiana Tem?”consolidou a carreira do compositor baiano, cuja obra reverbera até hoje.

6 – “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, ganha o mundo –  1942
No ano de 1942, na tentativa dos Estados Unidos angariar aliados na guerra, ficou por conta de Walt Disney estreitar laços com o Brasil, incluindo na animação Saludos Amigos o segmento Watercolor of Brazil, em que aparece pela primeira vez o personagem Zé Carioca. “Aquarela do Brasil”, um samba de Ary Barroso em 1939 foi incluído na trilha, e a partir daí passou a ser uma das canções brasileiras mais conhecidas no mundo.

7 – Luiz Gonzaga finaliza “Asa Branca”, o hino do sertão – 1947
O sertão, historicamente, sempre foi cheio de canções folclóricas de domínio público, isso porque em sua tradição oral era comum que as músicas passassem de boca em boca. Januário, pai de Luiz Gonzaga, era um distinto sanfoneiro e tocava algumas das músicas conhecidas na região de Pernambuco. Em 1947, quando Gonzaga já estava a um passo de ser conhecido como O Rei do Baião, pediu a seu parceiro Humberto Teixeira que desse uma “melhorada” em uma dessas canções. Assim surgiu “Asa Branca”, que se tornou o hino do sertão brasileiro.

8 – Johnny Alf anuncia a Bossa Nova – 1953
O músico Johnny Alf teve formação de piano clássico, mas sua maior paixão sempre foi a música popular. Durante a maior parde de sua carreira, ele tocou em boates entre Rio e São Paulo. Tom Jobim o admirava muito, e duas de suas canções do ano de 1953 podem ser consideradas como precursoras da bossa nova: “Céu e Mar” e “Rapaz de Bem”.

9 – Nora Ney grava “Rock Around the Clock” – 1955
Nora Ney foi um grande nome entre as cantoras de samba- canção, e a responsável por imortalizar o hino da fossa “Ninguém Me Ama”. Mas, no ano de 1955, a cantora foi comissionada pela gravadora Continental a gravar uma música que tinha explodido nos Estados Unidos. Era “Rock Around the Clock”, de Bill Haley & His Comets, tema do filme Sementes da Violência.

10 – Acontece o primeiro encontro de Roberto Carlos e Erasmo Carlos –  1958 
O show do pioneiro do rock Bill Haley & His Comets, no Rio de Janeiro, foi um grande acontecimento, e que foi muito aguardado por todos. O agitador cultural da época, Carlos Imperial, era o maior responsável por reunir a turma de jovens roqueiros da Tijuca e ajudou na escalação dos artistas que iriam fazer o “aquecimento” para Haley. E deu uma força ao jovem pupilo Roberto Carlos. Uma das músicas que ele deveria cantar era “Hound Dog”, sucesso de Elvis Presley. Mas Roberto não sabia a letra. Por indicação de um amigo, o futuro Rei foi à casa de outro fanático por Elvis que poderia ajudá-lo. O nome dele era Erasmo Carlos. Roberto não cantou, mas a ocasião foi a responsável pelo encontro de uma das maiores parcerias da nossa música.

11 – Celly Campello explode com “Estúpido Cupido” – 1959
O rock feito em solo brasileiro achou em março de 1959 seu primeiro ícone quando a cantora Celly Campello, com apenas 18 anos, lançou “Estúpido Cupido”, versão de Fred Jorge para “Stupid Cupid”, hit de Neil Sedaka.  A canção transformou Celly em uma estrela. Logo ela e Tony (seu irmão) ganharam na TV Record o programa Crush em Hi Fi, e o som feito pela juventude brasileira já não pôde mais ser ignorado.

12 – A bossa nova chega ao Carnegie Hall, em Nova York – 1962
Com apoio dos governos do Brasil e dos Estados Unidos, o ritmo brasileiro invadiu Nova York no dia 21 de novembro de 1962, no palco do Carnegie Hall. Participaram do show histórico João Gilberto, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfá, Carlos Lyra, Sérgio Mendes, Tom Jobim, Milton Banana e Roberto Menescal, entre outros artistas. As opiniões foram divididas. Vários críticos escreveram que problemas técnicos e falhas no microfone prejudicaram as apresentações. Outros apontaram que era muita gente escalada para tocar, o que acabou criando certo tumulto no evento. Mas, independentemente dos contratempos, ali a bossa nova ultrapassou barreiras geográficas.

13 – Moacir Santos lança o álbum Coisas – 1965 
Um dos LPs mais caros e cobiçados gravados no Brasil, Coisas, que ganhou seu relançamento pela Polysom, passou praticamente despercebido na época em que chegou às lojas. Lançado pelo selo Forma, vendeu pouco por ter sido considerado muito vanguardista e sofisticado pelo grande público. Mas a fama do álbum, uma junção de jazz, bossa nova, motivos africanos e temas sinfônicos, cresceu com o tempo. Todas as suas faixas tinham o nome de “Coisa”, como “Coisa nº 5”, rebatizada de “Nanã”, e que foi um grande sucesso na voz de Wilson Simonal. Enquanto Coisas era redescoberto no Brasil, Moacir Santos fazia fama nos Estados Unidos como compositor e arranjador.

14 – Ronnie Von batiza Os Mutantes – 1966
Os irmãos Baptista e Rita Lee eram novos nomes que surgiam na comunidade ose roqueiros adolescentes do bairro da Pompeia, em São Paulo. Eles ficaram amigos de Ronnie Von, que os convidou para serem a banda de seu programa na TV Record. Sérgio, Arnaldo e Rita já tinham tocado com diferentes configurações e usando diversos nomes, mas quando Ronnie, que estava lendo O Império dos Mutantes, de Stefan Wul, resolveu chamar o trio de Os Mutantes, as coisas pareceram se encaixar e decolar!

15 – Geraldo Vandré irrita os quartéis com “Caminhando” – 1968
Preferida pelo público na final da fase nacional do III Festival Internacional da Canção de 1968, “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré (também conhecida popularmente como “Caminhando”), acabou ficando em segundo lugar na disputa. “Sabiá”, de Chico Buarque e Tom Jobim, ficou em primeiro. Independentemente da classificação, logo após a primeira divulgação, “Caminhando” ficou na mira da ditadura militar da época. Foi proibida e só liberada 11 anos depois.

16 – Jorge Ben e Trio Mocotó davam peso ao samba-rock – 1969
A boate Jogral ficava na rua Avanhandava, região central de São Paulo. Como toda casa noturna da época, tinha músicos fixos que acompanhavam os artistas convidados. O Trio Mocotó, formado por Fritz Escovão, João Parahyba e Nereu Gargalo, era o grupo do clube. Em 1969, um dos convidados foi Jorge Ben, e as canjas acabaram se tornando frequentes. Ben já praticava a sua batida diferente de violão, mas ainda não havia encontrado músicos que soubessem acompanhá- la. Dessa união no palco do Jogral nasceu o samba-rock e clássicos da música brasileira, como “Que Pena”, “Take It Easy My Brother Charles” e “País Tropical”.

17 – Clube da Esquina, e a rapaziada de Minas Gerais – 1972
O movimento Clube da Esquina movimentou e reuniu diversos músicos mineiros. Milton Nascimento se enturmou com os irmãos Marilton e Lô Borges, além de Toninho Horta, Beto Guedes e outros. Essa turma se reunia em um cruzamento das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte. Assim, o Clube da Esquina era uma calçada onde amigos se encontravam para jogar conversa fora e falar de música, especialmente Beatles. Em 1972, a amizade virou disco, em um célebre álbum duplo homônimo.

18 – Cartola grava o primeiro LP – 1974
o sambista cartola foi redescoberto em duas ocasiões. Em 1950, o jornalista Sérgio Porto tomou um susto ao encontrar Cartola em um boteco. O sambista havia abandonado a música e vivia de pequenos trabalhos. Cartola, então, voltou ao samba e reiniciou sua carreira. Bons anos depois, em 1974, ele ainda não havia colocado sua voz em um disco próprio. Então, foi a vez de o produtor João Carlos Bozelli, o Pelão, convencer Aluízio Falcão, diretor artístico da Marcus Pereira Discos, a gravar o homem. Cartola se instalou em São Paulo e gravou o primeiro disco, homônimo, entre fevereiro e março de 1974, lançando o trabalho no mesmo ano.

19 – Festival de Águas Claras reúne contracultura brasileira – 1975
O mais próximo que chegamos de ter um Woodstock nacional foi a primeira edição do Festival de Águas Claras, ocorrido na Fazenda Santa Virgínia, na cidade de Iacanga, no interior de São Paulo, em 1975. Por três dias, cerca de 30 mil pessoas conviveram em harmonia e presenciaram atuações de nomes como o Som Nosso de Cada Dia, Os Mutantes, O Terço, Terreno Baldio, Moto Perpétuo, Grupo Capote, Jorge Mautner e Walter Franco. Essas bandas marcaram o auge do rock progressivo feito no Brasil.

20 – Nasce o Circo Voador no Rio de Janeiro – 1982
Em janeiro de 82, na Praia do Arpoador, foi erguida a lona do Circo Voador pela primeira vez. Organizada pelas trupes que surgiram das oficinas teatrais do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone e capitaneada por Perfeito Fortuna, a primeira sede durou apenas três meses, mas já começou a consagrar a casa. Lá, e depois em seu lugar atual, na Lapa, o Circo recebeu shows de todas as bandas emergentes do rock carioca. Entre elas, Blitz, Barão Vermelho e Os Paralamas do Sucesso.

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