Conheça as quatro fases da carreira de Gilberto Gil
Nascido em 1942, o cantor, compositor, instrumentista e músico brasileiro, Gilberto Gil, foi um dos fundadores do Movimento Tropicalista nos anos de 1960. Sua primeira música “Felicidade Vem Depois”, escrita em 1963, nunca foi gravada. No final do mesmo ano, Gil conheceu Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé.
Já em 1965, se mudou para São Paulo e conheceu Vinícius de Moraes, Edu Lobo e Chico Buarque. O primeiro disco, “Louvação”, foi lançado no ano seguinte. A música “Domingo no Parque” cantada ao lado do grupo Os Mutante, ficou em 2° lugar no III FMPB em 1967, o ponto de partida para o “Tropicalismo”.
Ao lado de Caetano Veloso, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério Duprat o movimento ganhou força. Uma das formas de se expressar durante a Ditadura Militar, as mensagens das letras eram codificadas, exigiam uma certa bagagem cultural para que fossem compreendidas.
Como uma forma de repressão ao movimento, Gilberto Gil e Caetano Veloso foram presos em 1968. No ano seguinte foram soltos e partiram para o exilio na Inglaterra. Foi nessa época que lançou seu 3° álbum homônimo, mas popularmente conhecido como “Cérebro Eletrônico”, 1969. O trabalhou marcou época ao abordar temas relacionados a tecnologia e a relação entre homem e máquina, além de misturar vários estilos, como o Rock, ritmos nacionais, elementos eruditos e instrumentos populares. Um dos mais notáveis álbuns da Tropicália, apresenta uma das canções mais conhecidas de Gil “Aquele Abraço”.
Em 1971, ainda exilado, Gilberto Gil se apresentou em Londres ao lado de Gal Costa, por muito tempo a gravação desse show era desconhecida, foi encontrada por Marcelo Fróes. O registro ao vivo do show de 26 de novembro de 1971 é uma raridade.
Gil retornou definitivamente ao Brasil em 1972, lançou “Expresso 2222” e outros trabalhos. Merecem destaque a quadrilogia “Re”, “Refazenda”, “Refestança”, “Refavela” e “Realce”, um de seus maiores legados na MPB. Recentemente “Realce” ganhou reedição em vinil, inspirada na Disco Music e é o primeiro trabalho do cantor pela gravadora Warner, nele estão presentes as canções “Não Chore Mais”, uma versão de “No Woman, No Cry”, “Toda Menina Baiana” e “Superhomem, a Canção”.
Nos anos seguintes o artista seguiu carreira política como vereador, em 2003 foi nomeado Ministro da Cultura, onde permaneceu até 2008, quando voltou a se dedicar a carreira musical. Em 2018 fomos presenteados com “Ok Ok Ok”, disco muito aguardado pelos fãs, que veio após um período de internações hospitalares do artista, por problemas renais e cardíacos.
As faixas apresentam um caráter reflexivo sobre as questões existenciais, flertando constantemente com a inevitabilidade da morte e o espetáculo da vida. Produzido por Bem Gil, seu filho, o trabalho é visto como um atestado de vida. A música que da título ao álbum é uma declaração a respeito do pedido dos fãs em relação ao seu posicionamento político e social. É onde Gil declara que está ciente de seu papel, “Alguns sugerem que eu saia no grito. Outros, que eu me quede quieto e mudo. E eis que alguém me pede: “Encarne o mito”. “Seja nosso herói, resolva tudo” OK OK OK OK OK OK”
A busca pela melhor rima e decisão de não fazer música simples, já é uma característica de Gil. As participações especiais de João Donato em ”Uma Coisa Bonitinha” e “Tartaruguê”, Yamandu Costa na faixa “Yamandu” e Roberta Sá em “Afogamento”, só abrilhantam ainda mais o trabalho.
A vida e carreira de Gil são uma parte da história cultural do Brasil, um dos maiores cantores do país, aos 77 anos de idade ainda nós surpreende com seu talento.