Listas

Substantivo feminino: 21 mulheres que você precisa ouvir!

Essa semana “comemora-se” o 8 de Março. Mais que um dia de presentear as mulheres do seu convívio, é um dia internacional e histórico de luta. Luta das mulheres que por toda sua vida precisam se dedicar duplamente (ou mais) para provar seus talentos.
Um blog de música não pode deixar de falar sobre música, esse substantivo feminino que é brilhantemente desenvolvido por grandes nomes da nossa cultura nacional.
Trouxemos para vocês alguns nomes, entre tantas outras talentosíssimas artistas brasileiras, e um pouco da história de vida dessas mulheres, que mesmo com os holofotes de uma carreira artística, continuam vivendo na pele os desafios de ser mulher.

Valorize e celebre as artistas brasileiras. E aproveite para conhecer mais sobre elas, e até descobrir cantoras novas!

Elis Regina

Elis Regina nos comoveu com sua voz, abriu nossas mentes com suas interpretações, nos emocionou com sua presença de palco, ensinou a nós o que é música, o que é arte, o que é emoção, o que alegria, o que virar o jogo, o que é o amor e quem é ela. Nasceu na cidade de Porto Alegre, no dia 17 de março de 1945 e começou cedo sua carreira musical se apresentando aos onze anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado O Clube do Guri, na Rádio Farroupilha. Ganhando destaque nas suas apresentações na rádio, Elis foi contratada pela gravadora Continental e aos 16 anos de idade gravou seu primeiro disco chamado Viva a Brotolândia com 12 faixas incluindo Samba, Bossa Nova no repertório.

Clementina de Jesus

Clementina fez sua primeira gravação, ao vivo, somente aos 63 anos de idade, em 1964. Aprendeu com a mãe os cantos de trabalho, jongos (cantados na língua africana bantu) e pontos de umbanda e candomblé, ao mesmo tempo em que fazia parte do coro de uma igreja católica. Isso faz com que sua voz trovejante representasse a mistura de credos e raças do país, especialmente no cenário do começo do século 20, com a nossa cultura popular ainda sob forte influência africana. Neta de escravos, Clementina pegou do continente africano alguns detalhes do seu jeito de cantar e chegava a ser repreendida nas casas onde trabalhou – uma das patroas chegou a pedir para ela parar com os “miados”. Ao se ouvir gravada pela primeira vez, na casa de Herminio Bello de Carvalho, percebeu que de miado sua voz não tinha nada.

Maria Bethânia

Maria Bethânia Viana Teles Veloso nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação, Bahia, no dia 18 de Junho de 1946 e cantava desde pequena, com outros da família, e pensava em ser atriz. Em 1960 foi para Salvador terminar os estudos, e passou a freqüentar o meio artístico, ao lado do irmão Caetano Veloso. Em 1963 estreou na peça “Boca de Ouro”, como cantora. Durante o espetáculo, Bethânia e Caetano conheceram outros músicos iniciantes: Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Alcivando Luz e outros. Esse grupo montou, em 1964, os espetáculos “Nós Por Exemplo”, “Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova” e “Mora na Filosofia”. Bethânia foi ouvida pela musa da bossa nova, Nara Leão, que a convidou para substituí-la no espetáculo “Opinião”, em cartaz no Rio de Janeiro. Com uma apreciação rápida do público e da crítica, Bethânia grava seu primeiro disco em 1965, chamado Maria Bethânia com destaques às canções “Carcará” e “De Manhã”. Depois de um breve retorno à Bahia, Bethânia participou em 1966 de espetáculos musicas que teve ótima repercurssão. Também competiu em festivais e cantou em teatros e casas noturnas no Rio e São Paulo, tornando-se nacionalmente conhecida.

Gal Costa

Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu na cidade de Salvador, no dia 26 de setembro de 1945 e podemos dizer que tudo começou na sua gestação, pois sua mãe contava que durante a gravidez passava horas concentrada ouvindo música clássica, como num ritual, com a intenção de que esse procedimento influísse na gestação e fizesse que a criança que estava por nascer fosse, de alguma forma, uma pessoa musical. Por volta de 1955 se torna amiga das irmãs Sandra e Dedé (Andreia) Gadelha, futuras esposas dos compositores Gilberto Gil e Caetano Veloso, respectivamente. Em 1959 ouve pela primeira vez o cantor João Gilberto cantando “Chega de Saudade” no rádio; João também exerceu uma influência muito grande na carreira da cantora. Gal Costa estreou como cantora em junho de 1964, no show “Nós por Exemplo”, que marcou a inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, atuando ao lado de Caetano Veloso, Tom Zé, Maria Bethânia, Djalma Correa, Alcivando Luz, Pitty, Fernando Lona e Gilberto Gil.

https://www.youtube.com/watch?v=6Y1k9XwDJyo

MARISA MONTE

Um dos maiores nomes da MPB de todos os tempos, Marisa consegue atingir de forma espetacular o coração dos apaixonados, dos carentes, e de muitos outros. Fora do eixo Brasil-Portugal, ela é reconhecida na Europa e Ásia, possuindo uma qualidade vocal e musical que poucas cantoras brasileiras tem. Com certeza, ela é a Rainha da MPB por levar sua música a todas as camadas da sociedade, além de ainda conseguir ser respeitada em terras estrangeiras.

https://www.youtube.com/watch?v=8OaQFH0wqo8

Baby Do Brasil

Baby tem uma das vozes mais incríveis e singulares do Brasil, carregando um timbre maravilhoso e uma afinação impecável! Desde seus tempos (saudosos para nós) de Baby Consuelo, mesmo no calor da juventude, ela sabia domar a potencialidade vocal que tinha, e explorá-lo de acordo com as ocasiões e necessidades.
Baby Consuelo do Brasil é patrimônio histórico, e sua carreira artística jamais poderá ser esquecida! Celebre sua nacionalidade com seus trabalhos com os Novos Baianos, mas também em seu momento solo. Viva Baby!

Nara Leão

Se o assunto é repertório, temos uma verdadeira aula de mapeamento do que se fez em termos de boa música brasileira, sem se prender a movimentos específicos ou a grupos de compositores. Nara Leão buscou o novo, encomendou canções e relembrou o passado de um jeito particular.
Nara passeou, criou, se aventurou por diversos ‘movimentos’ da música. Fez dela o que precisava ser feito. Não se prendeu, e bailou por todos os cantos rítmicos.

Clara Nunes

Voz clara, verdadeira e forte fez de Clara Nunes uma das maiores cantoras de samba da história e conseguiu esta colocação, a posição onze por muitos apontarem como uma das cinco maiores vozes de todos os tempos no Brasil. Clara Nunes arrastou multidões com seu canto tanto para quem gosta de samba, música romântica, chorinho e MPB. Nasceu na cidade de Paraopeba, em Minas Gerais no dia 12 de agosto de 1942, seu pai era conhecido como Mané Serrador e também era violeiro e participante das festas de Folia de Reis. Faleceu em 1944 e, pouco depois, Clara ficaria também órfã de mãe e acabaria sendo criada por seus irmãos. Clara iniciou na música por acidente, mas de forma indireta no coro da igreja, quando fazia catecismo. Cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio.

Cássia Eller

Cássia Rejane Eller nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 10 de dezembro de 1962 e precisou andar muito por aí para descobrir o seu canto, e defender seu lugar na música! Foi morar em Brasília, e lá participou de corais, trio elétrico, foi cantora de forró e MPB, Pois é…
Mas em 81, ao lado de Oswaldo Montenegro, Cássia teve uma visibilidade maior, e deu seus primeiros importantes passos de sua carreira. Mas ainda não foi dessa vez que tudo deu certo, e por isso Cássia foi para Minas Gerais trabalhar como servente de pedreiro.
Só no fim dessa década, em 1989, ela grava uma fita demo com a canção “Por Enquanto” de Renato Russo, o que foi sucesso total, e abriu caminho para seu contrato com uma gravadora. Em 1990 lançou seu primeiro disco com seu nome e com músicas de caráter eclético. Mas foi com o rock que Cássia passou a ser denominada por onde cantava, pois a voz grave e as atitudes não poderiam ser de outra coisa, se não do bom e velho Rock!
“Ela parecia ser compositora de qualquer música que cantasse”, define Oswaldo Montenegro, que trabalhou com Cássia na estreia dela como cantora, no musical Vejo Você, Brasília, em 1982. Essa é talvez a melhor forma de explicá-la: ela sempre dava originalidade e uma visão única a tudo que cantasse. O tom rouco e a potência para gritar de forma intensa, mas sem afetação, se misturavam a uma capacidade de ir com destreza do canto mais doce ao vocal rasgado.

Inezita Barroso

O trabalho de pesquisa, registro e divulgação do folclore musical do Brasil que Inezita fez durante décadas é monumental. Ela segue resoluta pela estrada de chão batido que a levou ao coração do país para resgatar modas de viola, pagodes caipiras e outros ritmos. A voz de contralto de Inezita tem o cheiro do mato e a amplidão dos campos. É a rainha inconteste da verdadeira canção rural brasileira.

Rita Lee

A voz de Rita não sai apenas das cordas vocais, mas vem da alma! Sua voz sai de uma mente livre, criativa e destemida, capaz de evocar os ecos do rock e da psicodelia mais do que qualquer outra artista nacional. Uma voz que destoava dos dizeres que ressoavam das gargantas de outras mulheres: progressivamente mais grave, sai de uma cabeça desbocada, provocadora e articulada.
Rita Lee é o nome do Rock nacional, mas não se resume a isso, ela é inteiramente musical, tropical, progressiva, iê iê iê, paródia, amor, sexo, loira, ruiva, híbrida, inconstante e constantemente ativa!

Tulipa Ruiz

“Eu nunca me imaginei cantora”, contou Tulipa à Rolling Stone, em 2011. Diferente do que muitos acreditam ser o ideal, Tulipa se joga na carreira de cantora mais tarde que o comum, mas o que permitiu que ela conhecesse sua verdadeira voz.
Com veia artística desde a genética, até as influências externas, Tulipa é uma cantora familiar, pois trabalha com pai e irmão, e abriu uma nova porta para outras cantoras também se aventurarem.

Fernanda Takai

O rock, o pop, a MPB e a bossa nova ganharam um novo jeito de ser interpretados com o surgimento da candura de Fernanda Takai. Conhecedora das suas limitações, ela usa isso a seu favor: uma voz frágil, um tantinho rouca e grave, mas cheia de doçura. Fernanda se adéqua bem sempre, seja nas peripécias do seu Pato Fu, seja em canções de outros. Sem invencionices, sobrevoa os gêneros com graça e fofura ímpar.

Alcione

A voz grandiosa de Alcione é um monumento da música brasileira. Aparentemente não há para ela qualquer dificuldade em cantar com vigor magnífico notas graves sem deixar que fuja qualquer resquício de feminilidade ou sensualidade. Se é sofrida ou exaltada, Alcione sabe, e quem a escuta também percebe as variações de seu estado de espírito bem traduzidas. Marrom é raiz, é popular em qualquer sentido do termo, e ponto final.

Anelis Assumpção

Se você ainda não a conhecia como cantora, já deve ter visto Anelis executando o papel de apresentadora do programa Manos e Minas da TV Cultura.
Apesar de ser filha de um grande cantor e compositor, Anelis jamais precisou se ancorar nesse fato para fazer sua música. Com talento nato e disposição para inovar e criar, Anelis tem em suas raízes a influência do  dub, reggae, afrobeat, rap, samba e bossa nova. Se ainda não conhece seu trabalho, chegou a hora de colocar as audições em dia!

Céu

Maria do Céu Whitaker Poças, ou simplesmente Céu!
A cantora teve desde cedo a música incluída em seu dia a dia, é filha do maestro, o que facilitou esse contato. Céu cresceu com uma vasta biblioteca musical à sua volta, e foi assim que começou a “pesquisa” que a levaria ao repertório que abraça hoje: repletas de referências a ritmos africanos, as músicas que compõe casam-se perfeitamente ao timbre aveludado da voz dela, uma das maiores revelações da década passada na música brasileira. A timidez do início, quando cantava quase de costas para o público em bares paulistanos, não impediu que a maneira suave de cantar fosse ouvida não só aqui como amplamente na Europa.

Elza Soares

Falar de Elza pode parecer fácil, mas não é! Essa mulher carrega em sua trajetória todas as dificuldade, barreiras e preconceitos que apenas uma mulher pode carregar. Sofrida, agredida, subestimada… A voz cortante de Elza rasga carne e alma, finca sua mensagem, assina com seu talento, e prova que é sim a Mulher do Fim do Mundo, pronta pra detonar qualquer um! Elza precisa e merece ser celebrada!

Pitty

Priscilla Novaes Leone. Conhece? Essa é a Pitty. Baiana até o talo, a cantora, compositora, escritora e instrumentista, já carrega na mala a responsa de ser uma das maiores representantes do rock nacional contemporâneo. Já vendeu mais de 15 milhões de discos, sendo uma das bandas (liderada por ela) de rock que mais venderam nos anos 2000.
A cantora traz em sua discografia uma alegoria de seu amadurecimento, mas tem desde seu primeiro disco suas ideias fortemente representadas pelas letras que cantava.
A baiana também não esconde seus posicionamentos políticos, e defende lindamente a subversão do rock n’ roll!

Sara Donato e Issa Paz – Rap Plus Size

“Sara Donato e Issa Paz enfrentam o machismo, criticam a gordofobia, falam de empoderamento feminino e, principalmente, incomodam, esse é o ponto positivo. Ninguém vai mudar nada propondo ou fingindo harmonia. Não pensem que quando as minas dizem “respeita tio” elas estão fazendo um pedido ou exercendo o que muito cara diz que é coitadismo. Pra quem sabe o que rola com as minas em diferentes setores da sociedade, o recado é certeiro: não mosquem na nossa, não vacile, cansamos de esperar mudanças.” Leia mais!

Tássia Reis

Com seus vinte e poucos anos, Tássia Reis é considerada uma das maiores promessas do rap nacional. Sua atuação vai além da música, e não se detém a poucos assuntos. Suas principais pautas são o feminismo e o racismo.
Natural do Vale do Paraíba, mais especificamente Jacareí, Tássia mergulhou no Hip Hop ainda bem nova, quando participava de um projeto de dança em um centro cultural.
Além da música, você pode se interessar também pelo universo de coisas que contemplam e compõe Tássia Reis. Para saber mais, leia essa entrevista realizada em 2015.

Flora Matos

A jovem cantora é nascida em Brasília-DF, e desde muito pequena já tinha influências da música e das artes no seu dia a dia. Aos 4 anos já subia aos palcos da banda “Acarajazz”, que acompanhava o compositor baiana Renato Matos, pai de Flora. Com 17 anos ela se apresentou como MC ao lado do Dj Brother e recebeu o prêmio de melhor cantora do ano em Brasília, e no ano seguinte Gravou o  remix da música “Véu da noite” da cantora Céu, produzido por Dj Kl Jay, e se mudou para São Paulo. Em 2008, Flora foi MC residente em boates da cidade se São Paulo, como Glória, Veggas, e Mood. Mas pra conhecer A diversidade biológica de Flora, só mergulhando na sua obra! Não demora.

Comente aqui