A música é uma mulher feroz: Maria Bethânia
No mês de aniversário de uma das maiores cantoras de nosso país, que tal mergulhar um pouco em sua carreira, músicas, curiosidades e encantamentos?
Carcará foi a canção lançada como compacto de estreia de Bethânia. Ele foi lançado originalmente como compacto simples, e no mesmo ano, em 1965, foi relançado como compacto duplo.
O disco compacto traz no lado A o registro do seu primeiro sucesso, Carcará, música de protesto escrita por João do Vale e José Cândido e que fazia parte do show Opinião; no lado B encontra-se a música É de Manhã, primeira canção de seu irmão Caetano Veloso gravada em disco, e que aparece no compacto como De Manhã somente. Já o compacto duplo traz, além de Carcará, as canções “No Carnaval, escrita por Caetano Veloso e Jota, Mora na Filosofia, escrita por Arnaldo Passos e Monsueto Menezes, e ainda Só Eu Sei, canção de Batatinha e J. Luna. Em ambas versões do compacto, no início da faixa título, ouve-se a música incidental Missa Agrária, de Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri.
O Show Opinião foi um espetáculo musical, dirigido por Augusto Boal, produzido pelo Teatro de Arena e por integrantes do Centro Popular de Cultura – CPC- da União Nacional dos Estudantes, a UNE. Naquela época a UNE já estava na ilegalidade, devido ao golpe militar sofrido pela democracia brasileira em 64.
Nascida em 18 de junho de 1946, Bethânia é uma representante da cultura brasileira. Irmã de Caetano Veloso, os dois, mesmo autônomos e com carreiras independentes um do outro, também possuem diversos pontos na história em que as carreiras se cruzam, e nos dão a alegria de vê-los juntos nos palcos, nas letras, e nos acordes.
Bethânia, em seus mais de 50 anos de carreira, vendeu mais de 26 milhões de discos, e foi eleita, em 2012, como a quinta maior voz da música brasileira, pela revista Rolling Stone Brasil.
Bethânia é daquelas que também gostam de silêncio e respeito nos shows. Assim como nós! (escrevemos sobre isso aqui). Confira a educada e afiada bronca que ela dá no público:
Confira algumas outras curiosidades:
Apaixonada por piscina
Nos anos 1970, em depoimento a Ronaldo Bôscoli, na revista “Manchete”, declarou: “Piscina eu amo. Desde pobre, quando piscina para mim era apenas notícia. Hoje fico perdidamente imersa na minha piscina, turmalina, meio morna”.
Sal na cabeça, cerveja no chão
Quando come pipoca, derrama sal na cabeça, “para Oxóssi”. Quando bebe cerveja, espalha um pouco no chão, “para Omulu, que adora álcool”.
Ciúme das plantas
Tem ciúmes das suas plantas. E dos seus animais (ela não gosta de gatos, mas adora onças). Põe neles nomes curiosos: já teve uma tartaruga chamada Jorge e uma cachorra chamada Bruma.
A música preferida
Sua música preferida é “ O ciúme”, de Caetano Veloso.
O primeiro cachê
O primeiro cachê foi de 3 mil réis. Com “um conto” pagou um passeio de saveiro, com os outros dois comprou um vestido para a mãe, Dona Canô.
Cachaça, perfumes, porquinho-da-índia
Nos anos 1970, tinha o costume de não cobrar ingressos em uma noite de cada temporada. Pedia presentes. “Aparece de tudo: desde chicletes a caixas de uísque . E livros, discos, bonecas, bibelôs, cachorro, gato, coelho, porquinho-da-índia, perfume, doces, joias, tudo quanto é bebida, de Pitu a Moët & Chandon. Já lhe deram até um carro (um bugre)”, publicou o “JB”, em 1974.
0s ‘bethamaníacos’
Um senhor de 50 anos assistiu ao show “A tua presença”, de 1971, 68 vezes. E chorava sempre na mesma hora.
Guerreira, guerrilha
Depois de ficar 40 dias sequestrado por guerrilheiros da VPR, o embaixador suíço Enrico Bucher deu uma festa em sua casa e chamou Bethânia para cantar. Ao fazer a apresentação da cantora, ele explicou que no cativeiro só ouvia Bethânia e Beethoven, e que mal podia acreditar que recebia em sua casa aquela voz que o fizera tão bem. Ele chorou durante toda a apresentação.
Coleções
Maria Bethânia já contou em diversas entrevistas sua adoração por… cadernos. Muitos, de várias cores. Divididos por temas, em alguns ela escreve seus sonhos, em outros ideias para shows e, noutros, textos autorais, que são queimados depois de escrever. Sem dó.
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Viva Bethânia, nossa abelha rainha!