Brasileiro faz mapeamento da música de rua pelo mundo todo.
Com o objetivo de dar visibilidade aos músicos de rua, Daniel Bacchieri criou o StreetMusicMap, um projeto que já reúne mais de 1.200 vídeos de artistas de 93 países.
Publicados no Instagram ou no site do projeto, os vídeos geralmente são curtos – entre 15 segundos e 1 minuto – e mostram músicos se apresentando em metrôs, praias, praças ou calçadas do interior e capitais do Brasil, bem como da Rússia, Vietnã, Irã, Sudão, entre outros países.
Além de fazer a gravação dos artistas que encontra, o jornalista faz pesquisas na internet, buscando vídeos de novos músicos e também recebe sugestões de colaboradores. O perfil do projeto no Instagram tem mais de 42 mil seguidores.
Para Bacchieri, o o StreetMusicMap é “uma reportagem diária sobre música de rua”. “Eu me considero um repórter não importa o nome do meu cargo, porque eu sempre busco contar uma história, quando estou produzindo, escrevendo ou gravando. No projeto, eu estou reportando o que a rua oferece, então é reportagem”, afirma.
O projeto é tocado com a própria renda do jornalista e no seu tempo livre. Natural de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, Bacchieri trabalha como freelancer em São Paulo, fazendo produção audiovisual para documentários e publicidade. “Cada vez eu dedico mais tempo ao StreetMusicMap, cada hora de folga que eu tenho”, conta.
Por enquanto, o projeto não gera renda, nem para o jornalista, nem para os músicos. É justamente isso que Bacchieri quer mudar com o programa de Empreendedorismo em Jornalismo do Tow-Knight Center, da The City University of New York (CUNY).
Bacchieri foi um dos bolsistas selecionados para a edição de 2017 do curso, especializado em desenvolver novos modelos de negócios em comunicação.
“Vou receber feedbacks de colegas, professores e de startups dos EUA, e trocar experiências nesse ambiente de universidade e de novos negócios. Acho que vou aproveitar muito esse intercâmbio profissional e cultural”, disse.
O StreetMusicMap começou em 2014, com uma viagem de Bacchieri para a Ucrânia. Na ocasião, ele gravou um vídeo curto de um músico e publicou em seu perfil pessoal no Instagram.
“Ele estava tocando um instrumento de corda que eu nunca tinha visto, se chamava bandura. Eu ia tirar uma foto, mas o Instagram tinha acabado de liberar esse formato de vídeo, de 15 segundos. Eu fiz a gravação e percebi que 15 segundos era um tempo interessante para uma narrativa”, lembra.
Depois da viagem, Bacchieri se mudou para São Paulo, por motivos profissionais, e passou a registrar músicos de rua que encontrava no caminho de casa.
“Eu passo muito pela estação de metrô Consolação, onde vários músicos tocam. Comecei a gravar e colocar os vídeos na minha conta pessoal do Instagram. Depois criei uma série, com a hashtag streetmicrodocs”, conta.
Por fim, Bacchieri também pesquisa vídeos públicos em perfis do Instagram e republica os que considera interessantes. Para isso, entra em contato antes com dono do perfil e pede autorização para publicar.
“Nunca recebi um não. A maioria dos músicos se sentem gratos com o compartilhamento”, conta ele. Bacchieri procura sempre dar o crédito para o artista e para quem fez a gravação.
“No início, eu era purista e não postava sem o nome do músico. Mas, com o tempo, eu percebi que a plataforma se transformou em um canal de divulgação. Porque muitos artistas anônimos estavam sendo identificados nos comentários”, afirma.
Esse foi o caso de um vídeo de uma harpista russa, tocando na Praça Vermelha, em Moscou. A gravação foi postada sem o nome dela e, minutos depois, a própria artista se identificou nos comentários: “:D wow! It’s me! (Uau, sou eu)”. Bacchieri, meio incrédulo, perguntou se ela era de fato a harpista, e ela confirmou.
Outro artista que o projeto ajudou a divulgar foi uma americana, que cantava em Austin, nos EUA. Bacchieri postou o vídeo e, nos comentários, uma brasileira perguntou onde poderia encontrar mais músicas da cantora. A artista respondeu indicando o link. “Ela ganhou uma fã no Brasil através do projeto”, comemora Bacchieri.
fonte: Jornalismo nas Americas.