Curiosidades

Pedrada: Entenda como nasceu a Cultura Dub.

O dub, fenômeno do vinil dos anos 1970, são mixagens de reggae remodeladas por produtores para os quais a mesa de mixagem é tanto um instrumento quanto uma ferramenta. Por meio dela, removem vocais, destacam a bateria e o baixo e adicionam eco, reverber, delay e, às vezes, trechos de outras músicas.

Suas raízes estão na peculiar cena caribenha do vinil na década de 50. Após a Segunda Guerra Mundial, soldados americanos em bases na Jamaica e outras ilhas do Caribe traziam discos de jazz e R&B, com os quais os DJsmontavam sistemas de som – equipavam caminhões com gerador, toca-discos e alto-falantes e tocavam em festas de rua, cobrando ingresso.

Quanto a oferta de discos diminuiu, os produtores Coxsone Dodd e Prince Buster criaram versões próprias com músicos locais, processo que originou o Ska. Enquanto este se transformava no reggae, os sistemas de som resistiam como eventos ao vivo.

Uma semente do dub foi plantada em 1968, quando o operador de um sistema de som Kingston, Rudolph “Ruddy” Redwood, criou um “dubplate” (disco de acetato tipo demo) da música “On the Beach”, dos Paragons. O vocal doi omitido por acidente, mas ele levou o disco a um show no qual seu DJ cantava e falava por cima do instrumental para incentivar a plateia. Isso inspirou o engenheiro Osbourne “King Tubby” Ruddock a criar instrumentais a partir de discos vocais, começando com “Ain’t Too Proud to Beg”, de Slim Smith. Tubby foi mais longe com a mixagem: isolou os vocais, depois a música, e combinou os dois. A rivalidade entre os operadores de som, cada um querendo versões únicas, levou ao dub como conhecemos. Ele evoluiu para a extensão de LP como Unertaker (1970), de Derrick Harriot e The Crystalites, mixado por Errol Thompson, outro pioneiro. Ele e o icônico Lee “Scratch” Perry intuíram que havia mercado para discos desse fenômeno ao vivo, e em 1973 Perry lançou o clássico 14 Dub Blackboard Jungle, de sua banda, The Upsetters.

Na estreia do punk do final dos anos 1970, o dub marcou presença no trabalho de grupos importantes, como UB40, The Police e The Clash. Desde então, bandas tão diferentes como Culture Club, Massive Attack e Beastie Boys refletiram sua influência. A preservação da tradição “pura” do dub, como demonstrado por Victor Axelroad em Nova York, Rootah na Alemanha e Moonlight Dub Experiment na Costa Rica, entre muitos outros, prova que esse movimento essencialmente “vinil” não dá sinais de que vá desaparecer.

 

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