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O Universo de Candeia, Sua Vida e Sua Música

Um mergulho no universo de um dos maiores sambistas da história, o grande Candeia, de policial à sambista, confira a trajetória e os discos clássicos deste grande artista que recentemente teve seus álbuns relançados em vinil.

O sambista e boêmio Candeia nasceu em 1935, e já herdou de berço a musicalidade, pois o seu pai era flautista em rodas de samba e choro na década de 1930.

Aprendeu violão e cavaquinho ainda muito jovem, jogava capoeira e era frequentados de terreiros de candomblé.
Foi integrante da escola de samba Vai Como Pode e participou do grupo de sambistas que fundadores da Portela.

Candeia compôs seu primeiro samba 1953 em parceria com Altair Marinho, para a nova escola de samba, “Seis datas magnas” e conseguiu a nota máxima do júri, um fato inédito até então.

Mas não foi só de samba a vida de Candeia não, na década de 1960, Candeia assumiu o cargo de investigador na Polícia Civil e tinha a fama de ser um policial enérgico e truculento, principalmente com prostitutas e malandros. Mas a carreira de policial terminou logo e de forma trágica, pois se envolveu em um acidente de trânsito, e recebeu

cinco tiros do motorista do outro carro, desta forma perdendo os movimentos das pernas.

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Aposentou-se por invalidez da polícia devido a paralisia, e a limitação física em sua cadeira de rodas o levou a uma depressão profunda. Mas Candeia então, pôde passar a se dedicar ao samba, e com uma nova personalidade, pois tornou-se uma pessoa mais sensível, equilibrado e liberto, corrigindo seu caráter e enriquecendo sua obra como sambista, que atingiria maturidade de caráter lírico e social, mostrando um homem amargurado, mas que tentará resistir.

Em 1970, lançou o seu primeiro disco o LP “Candeia”, com uma capa que fazia um jogo com as palavras autêntico, samba, original, melodia, portela, brasil e poesia que passava a formar o nome do sambista. Um álbum com doze canções autorais, incluindo a clássica “Dia da Graça”, feita em homenagem à Portela.

No ano de 1971, saiu o seu segundo LP, com título “Raiz”, e que traz o samba “De qualquer maneira”, outros samba considerado clássico, em que a letra apresenta uma imagem figurativa da cadeira de rodas de Candeia à de um rei em seu trono.

Recentemente os seus dois primeiros discos foram reeditados em disco de vinil em prensagem premium pelo selo Discobertas em lps importados e prensados em máquinas modernas a partir dos tapes originais de época. Ficaram incríveis! Estão à venda na Bilesky Discos.

O terceiro LP veio em 1975, intitulado “Samba de roda”, e também neste ano, participou do LP “Partido em 5″”, uma série de três discos dedicados ao partido-alto.

Candeia cantou no álbum “Quatro grandes do samba” em 1977, que também contava com Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Elton Medeiros. Naquele ano lançou também o álbum “Luz da inspiração”, o qual as músicas apresentam reflexões da identidade cultural do negro brasileiro após a abolição.

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Passou a ter problemas de rins devido a sua paralisia, chegou a ser internado para tratamento, mas se recusou-se pois afirmava que não tinha tempo. Em 1978, gravou o seu quinto LP “Axé – Gente amiga do samba”, um dos discos mais importantes da história do Samba, mas não viveu pra ver o lançamento. Teve uma crise aguda e entrou em coma e faleceu por conta da infecção renal.

Candeia vive! Viva Candeia!

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